Quarta-feira, Setembro 03, 2008

Vão-se os Anéis...e parte da alma


Essa semana começou punk. Logo na segunda-feira eu descobri que minha máquina fotográfica foi roubada debaixo do meu nariz. Muito muito debaixo do meu nariz: de dentro do armário que fica atrás de mim na sala onde eu passo 15 horas por dia, todos os dias.
A minha câmera! Aquela que foi comigo para a Patagônia, Madrid, Barcelona, Aranjuez, Los Angeles, New York, Miami, Disney, Roma, Paris, Curitiba, fotografou natais, amigos, mãos, sorrisos, histórias...e esteve comigo aqui em casa, fotografando detalhes da minha vida que ninguém vê. Quando meu filho pediu a câmera emprestado, e vi que o case estava vazio, vazio foi o que eu senti. Em segundos eu vasculhei o cérebro perguntando onde ele escondeu a informação que estava faltando ali. "Eu emprestei para alguém? Eu levei para Curitiba e esqueci lá? Eu guardei em outro lugar?" Não tem como sair daqui com uma tele 300 sem ser visto!! Não tem? Tem! Tem se você for minha empregada ha 4 anos, tiver toda a minha confiança, for uma amiga sem tempo ruim, for alguém que faz parte do patrimônio da família. Tem!
E foi aí que um vazio maior ainda tomou conta de tudo. Eu perdi uma câmera? Nada...perdi muito mais. Perdi uma pessoa, outra vez. Perdi a esperança, outra vez. Outra vez eu criei uma cobra para me morder, e ela entrou na minha vida na pele de pessoa atenciosa e bem intencionada, pobrezinha e tão boa, dedicada e leal. Outra fucking vez!
Quando é que eu vou aprender?
Por que será que aos quase 47 anos eu ainda não aprendi a reconhecer essas pessoas assim que elas aparecem? Ok...não consigo ver (quando é comigo), mas então por que é que quando eu percebo o primeiro sinal de que a punhalada virá, eu não me livro da criatura? E por que depois da primeira punhalada eu ainda acho que as pessoas mudam e que nunca mais farão aquilo comigo? E por que mesmo falhando em todas as alternativas anteriores, eu ainda fico achando que posso aguentar o baque e resolver tudo sozinha, sem dor, sem incomodar ninguém, sem escândalo? Juro que eu não entendo.
A sensação de ser roubada dessa maneira dói na alma, como doeram todas as outras vezes em que percebi que estava sendo usada, que tanta boa vontade e lealdade não passavam de parte de um plano, que havia um interesse maior capaz de usar meus pontos fracos e o meu coração mole para obter o que a pessoa queria, que ninguém está acima de qualquer suspeita, e se chegar a estar, se colocou lá para poder tirar mais de mim.
Uma, há muitos anos, me tirou o que era meu de direito. Outro me tirou parte da alma, quase leva minha dignidade, meu amor próprio, e minha esperança de viver em paz. Outra levou algum dinheiro e uma máquina fotográfica. Nos três casos, eu permiti.

Cadê a terapeuta aquela para me analisar agora que eu preciso?


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