Domingo, Março 28, 2010

_sobre a fidelidade

É um mega dramalhão. A gente escuta mulheres, desde uma tenra idade, dizendo que jamais perdoariam uma traição. Homens, desde pequenos prometendo sangue em caso de infidelidade.
Aí eu, que sou meio que uma espectadora metida do comportamento alheio, fico aqui remoendo os meus botõezinhos...E se a gente pensasse direito?

Em primeiro lugar, como disse muito bem a Alice Salles, "traição" é a palavra errada para o caso.
Traição é revelar informação secreta. É emboscada desleal. Não deixa de ser um tipo de infidelidade, mas não sei...acho "traição" meio demais. Então vamos aos fatos (ou quase...vamos à minha usual elocubração sobre os fatos).

Para começo de conversa, a fidelidade vai contra todos os princípios da natureza humana. Já falei isso mais vezes do que deveria, mas é o que acredito. Na origem, o homem foi feito para inseminar tantas mulheres quantas passarem na sua frente. A mulher foi feita para encontrar um macho alpha por ano e com ele fazer um filho. Ponto. Depois nasceu a ética e com ela a mentirama.
Falando eticamente, todos nós deveríamos ser monogâmicos e monoteístas e negar toda a diversidade que esse mundo de meu deus oferece. Mas além de prometermos para nós mesmos que somos capazes de afogar a natureza e fingir que ela não existe, ainda transformamos tudo o que é natural em pecado...e fingimos que rezamos para um Deus só. É...um deus só de cada vez, se a gente for contar todos os santos e orixás, e amuletos, e orações alternativas no decorrer da vida.
Pós-ética, o que exatamente faz com que duas pessoas se casem? Amor, certo? Ou pelo menos deveria ser. Então, duas pessoas se amam, mas o câncer dessa sociedade é que as pessoas não se dão conta de que isso - esse amor - e só isso, as une. Nada mais une duas pessoas de verdade. Então, baseado nisso, pode-se dizer que o compromisso entre duas pessoas é afetivo. Sim, não tem papel que segure, não tem filho que segure: casamento é um compromisso AFETIVO e por isso acaba quando acaba o afeto, não interessa se no papel as pessoas continuam casadas ou não.

Então estas pessoas se amam de verdade, mas um dia uma delas conhece outro alguém que a atrai, que a faz sentir como a lá de casa não faz mais, ou não está fazendo neste momento, não por culpa dela, talvez por sua culpa, ou da vida, ou dos dois...mas o fato é que "ai a maldita natureza quando bate, bate forte". E há um deslize. Aí é que entra a minha opinião torta.
O que é infidelidade? Ceder à tentação, ou ser pego? Porque alguém só é oficialmente infiel quando é pego no ato, quando conta tudo, quando a amiga bacana vem e o entrega, ou quando a outra tem um pití e liga para casa do cara para contar tudo para mulher dele. A partir deste momento, o pobre incauto que acabou de cair da árvore e não é capaz de controlar o próprio bim-bim é oficialmente infiel e vai ter que aguentar o ataque da mulher.
A mesma coisa vale no caso inverso.
Então...talvez a traição seja o ato da amiga, ou da outra. Ha!
É...porque você estaria vivendo muito bem, obrigada, se a sua amiga não fosse fofoqueira. Agora você vive com uma pensão miserável, os almoços de domingo ainda são na sua casa, e é você quem fica com as crianças. Então...me conta! Quem traiu quem? A amiga.
Eu francamente não vou querer saber se um dia meu marido me trair. Ele que não venha me contar, porque excesso de sinceridade, meu bem, ou é falta de educação ou crueldade. Deus me livre! Me deixe na ignorância.

Eu não defendo a infidelidade. De jeito nenhum. O que eu defendo é a paz mundial. Pensa: aquelas duas pessoas se amam de verdade. Elas têm filhos. Elas construíram uma história juntos. Quem é você, cara pálida, para entrar no meio disso com uma bomba e espalhar dor por todos os lados? Quer fazer uma boa ação? Chama o traidor para conversar, não o traído. Mas saiba que ele vai falar para sua amiga que você andou dando em cima dele e, babau amizade. Juro.
Então eu acho que o problema da infidelidade não é a infidelidade em si. É a boca grande das pessoas. Juro para você que é isso que eu penso. Errar é humano. Viver em paz é uma raridade. Ser feliz é - às vezes - fechar os olhos e fingir que não viu certas coisas.
Você acha que seu marido anda dando umas voltinhas por aí? Quem sabe você para de ser chata, para de regular mixaria e dá uma canseira nele todos os dias antes de sair para o trabalho...duvido que sobre alguma energia para ele transar com outra. Seria legal também se você parasse de reclamar dos amigos dele, da mãe dele, das manias dele. Tudo isso estava no pacote quando você escolheu esse pobre coitado para viver com você para sempre.
Ah...é a sua mulher que anda estranha? Tá mais magra, toda arrumada, parece mais sexy, sorrindo mais? É...amigo...tem alguém rondando ali e fazendo com que ela se sinta mais bonita. Melhor você começar a fazer isso antes que a vaca vá pro brejo...porque eu vou te contar um segredo: mulher luta contra a tentação com todas as forças, mas se for vencida, ela se joga! Se ela for para cama com outro é porque gosta dele. Se ela gostar muito dele você passa a ser o outro. Então flores hoje? Uma mensaginha de texto mais picante? Namorar, lembra como era? Acho bom.

De qualquer maneira acho isso sim: infiel é quem é pego. Então seguem três conselhos
1. Não traia. Tente melhorar o que você tem em casa, porque dificilmente você vai ter coisa melhor. (Dizem que a vida de solteiro anda complicada hoje em dia)
2. Quer fazer? Faz direito e não conta nem pro espelho.
3. Para de ser idiota que você não quer perder a pessoas que escolheu. (ah quer? Então quem você está enganando?)

Boa semana para você.
:)

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Sábado, Março 07, 2009

damn vampires


Eu disse para uma amiga ler Twilight se ela quisesse uma coisinha digestiva e deliciosa ...livro de menina, super light. Sim sim...eu recomendei rindo baixinho, sabendo que ela ficaria viciada. E ficou, assim como as outras 40 milhões de pessoas que pagaram por um exemplar de Crepúsculo em 20 línguas diferentes. Sem conseguir resistir, essas pessoas acabaram comprando mais 40 milhões de cada volume da série: Lua Nova, Eclipse e Amanhecer.

Bom, depois de ler a história da Stephenie Meyer, eu pirei. Se não bastasse ter vendido tudo isso de livro e ter ficado indecentemente rica às custas do sangue alheio (piadinha sem graça), ela conta que sonhou com um vampiro que se apaixonava por uma menina e não podia ficar com ela porque a vontade de matá-la era mais forte do que qualquer outra coisa. Quando acordou, Stephenie escreveu o sonho para não esquecer. Wow! O sonho virou o primeiro livro - Crepúsculo - e sem ter escrito nada antes na vida, fechou um contrato de 750 mil dolares para escrever mais três livros. Essas e outras coisas me deixaram morrendo de inveja e querendo perguntar pra ela onde eu assino pra fazer o mesmo pacto com seja lá que demônio ela fez!

Tudo isso é quase sobrenatural, mas não mais do que o fascínio das mulheres pelo vampiro que ela criou. No começo, ele - Edward Cullen - roubou o coração de uma multidão de adolescentes. Em seguida ele invadiu os aposentos das mães dessas meninas e depois disso perdeu o controle. Minha tia de 70 anos está irremediavelmente apaixonada por ele. Minhas amigas de 40 a 55 também. Eu mesma te digo que se esse moço existisse e quisesse o meu sangue, eu o serviria em taças de cristal...e se ele quisesse me matar, no problem, desde que fizesse isso bem devagar (aff!). O fato é que Edward Cullen saiu pelo mundo roubando o coração de cada pessoa que ousou abrir as páginas de "Crepúsculo", fosse homem, mulher, adolescente ou não.
Como faz pra entender? Aí eu que tenho tempo, fiquei especulando a possibilidade de uma criatura supostamente perigosa e mortal exercer tamanha atração. Bom, não é de hoje que histórias de vampiros atraem as mulheres, e nas minhas elocubrações eu cheguei a uma conclusão terrível. Acompanha o meu raciocínio:

. Vampiros são irresistíveis. Feitos para matar, tudo neles atrai a presa para perto de si. Diz Edward Cullen: "Eu sou o predador mais perigoso que jamais existiu. Tudo em mim é convidativo: minha voz, meu rosto, até o meu cheiro, como se fosse preciso...como se você pudesse fugir de mim ou lutar comigo, eu fui criado para matar." Então, por mais que você queria dizer não a ele, ele vai vencer você. Ele é perigoso e forte enquanto você é frágil. Existe desculpa melhor para dizer sim? Quem pode condenar uma mulher indefesa? Você nunca será julgada.

. Ele “ataca” durante a noite pois não suporta a luz do dia. Chega quando você dorme, desprevinida e desarmada, logo – de novo – você não fez nada de errado.

. Quando alguém deseja você, deseja o seu toque, o seu gosto, o seu corpo. Isto é o que estamos acostumadas. E parece suficiente. Mas...quando um vampiro deseja você, é muito maior e mais profundo. Ele quer o seu cheiro, o seu gosto, a sua carne…e não basta que ele lhe domine e possua completamente, ele ainda quer você invadindo o corpo e a corrente sanguínea dele. Ele quer o seu sangue correndo dento dele. Ou seja, ele quer você inteira… Em troca, ele lhe dá o que ninguém mais poderia: imortalidade e juventude eterna.
Ah…vai! Me diz que isso não é lindo! Quem pode amar e desejar tanto assim? Quem pode dar um presente tão generoso?

Minha conclusão é simples: o perigo real são as mulheres.

Mulheres são assustadoras. A verdade sobre a existência do vampiro está diretamente relacionada à sede de poder feminino: nós não queremos ser simplismente amadas. Queremos um amor tão imenso que seja imortal. Queremos um homem aos nossos pés, implorando para ser alimentado, para que sua sede seja saciada com o único nectar que pode mantê-lo vivo - a nossa existência. E queremos tudo isso sendo inocentadas de nossos crimes.
O vampiro, então, passa de agressor a vítima. Ele não tem dentes afiados nem tanto poder...ele não passa de um homem. O homem que escolhemos.
E aquela pobre mulher frágil, indefesa que não deveria ser julgada? Bom, ela ainda não nasceu.

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Sexta-feira, Outubro 10, 2008

Jack & Mônica

"the long and winding road that leads to your door,
will never disappear, I've seen that road before
it always leads me here, lead me to your door."


Lennon & McCartney

Então me diz como é possível? Como essas coisas acontecem com ela, assim do nada, e acabam dessa forma? Se eu contar, parece mentira. Se fosse comigo dariam risada e me internariam num hospício (não que ela não tenha tido vontade de se internar por conta própria). O fato é que coisas assim não acontecem fora dos filmes! A não ser que ela esteja no meio...

Foi um ano inteiro daquela loucura: ela tentando se fazer de normal, mas sofrendo em silêncio para lidar com a obsessão. Não contou para ninguém além de sua terapeuta, que nunca teve um resposta convincente, um diagnóstico, nada. Seria bem fácil dizer que ela era louca, se a coisa não tivesse começado sem querer, de um sonho que ela não pediu para sonhar. Era este o fato que despertava a curiosidade da psicanalista que, ao invés de tratá-la, resolveu ver onde aquilo ia dar. Bem por isso era uma aflição solitária. Todos os dias ela acordava e dormia com o mesmo pensamento, a mesma imagem cravada no cérebro, mas enfrentava o dia-a-dia como se aquilo fosse um preguinho no sapato ou um jeans meio apertado: "é ruim, mas dá pra aguentar".

De todas as pessoas com quem ela conversava, só uma trazia alguma paz. Era Naele - uma amiga que ela conheceu no Facebook, mais velha, escritora, do outro lado do mundo, com quem tinha longas conversas diárias que a aliviavam do peso da obsessão. Naele nem sonhava com a angústia da amiga, conversava com ela sobre política, livros, filmes, roteiros até altas horas da madrugada, até o cansaço ser grande o bastante para garantir uma noite sem sonhos.

Ela apertou o botão verde do Skype e esperou, mas ninguém atendeu. Talvez Naele estivesse dormindo...tentou de novo. Depois de três ou quatro toques de chamar, alguém atendeu o Skype. Não era Naele.
- Oi.
- Oi, quem é?
- Jack. Acabei de chegar e ouvi o skype no escritório...me meti.
- Ah...oi...tudo bem? Cadê sua mãe?
- Boa pergunta...fica aí.
Depois de algum tempo, Jack voltou ao computador.
- Acho que ela foi abdusida!
- hahaha!
- Não tem ninguém em casa. Só eu e você.
- Tudo bem. Eu falo com ela amanhã...obrigada Jack.
- Vai dormir?
- Não, mas vou desligar.
- E eu?
- Que que tem?
- Tão ruim assim falar comigo?

Aquela noite, Jack se encarregou de ajudá-la a dormir de cansada como se tivesse sido encumbido desta missão. Ele ouvia a mãe contar várias histórias da amiga, e já compartilhava de alguma forma da mesma admiração. Foi assim que nasceu o primeiro fruto da amizade com a Naele: as conversas com Jack passaram a ser constantes. Muitas vezes Naele estava no escritório e Jack no quarto, ambos falando com ela, e quando Naele viajava, era Jack quem enchia as noites de carinho e gargalhadas.
De qualquer forma, Jack e Naele eram um paleativo...um pain killer...um tylenolzinho. Os dias ainda tinham 24 horas, e as 3 ou 4 passadas com eles eram nada diante das outras, quando a obsessão voltava com força. A cada pausa no trabalho um search no Google para ler possíveis notícias ou fofocas sobre o alvo de sua obsessão...a cada olhada no espelho uma conversa imaginária; a cada quilômetro no carro uma cena tórrida, um beijo na boca, uma frase matadora, uma vontade de se internar para fazer sonoterapia até o mundo acabar.

Quando ela perdeu uma pessoa querida a dor fez com que a obsessão a deixasse respirar um pouco. Mais uma vez, o alívio da dor morava na voz de Naele e na presença de Jack em seu celular, seus e-mails, suas madrugadas. Jack era perfeito, se não fossem seus três defeitos principais:
1. ser filho de uma amiga
2. ser infinitamente mais novo do que ela
3. não ser aquele que habitava seu espelho todos os dias

De qualquer forma, houve noites em que desligar o computador era a única saída para não cair em tentação. Houve momentos em que Jack se afastou, e ela chegou a sentir ciúmes misturados a saudade e raiva de estar tão longe -- em todos os sentidos. Houve dias em que um novo sofrimento se somava ao habitual, e seu nome era Jack.
E a terapeuta? Nada! A terapeuta deu graças a deus quando Jack entrou em cena. Pelo menos ele era real. "Real? Ele é mais que irreal! Ele é inconcebível! Ele não existe e fim!" Nestes dias, abrir o Google e ocupar a cabeça com a imagem do amor impossível, era o melhor remédio.

O tempo passou e muito pouco mudou. Jack ia e vinha, como se às vezes precisasse se afastar e às vezes não vivesse sem saber da existência dela. A velha obsessão continuava tirando o sono dela e dividindo seus dias entre horas de lucidez e horas de insanidade.

Era Novembro quando Naele convidou-a para passar a semana de Ação de Graças em sua casa na montanha. Fim de ano foi sempre uma época de pouco trabalho e muita tristeza, por isso ela aceitou o convite, pensando até mesmo na hipótese de encontrar trabalho por lá e ir ficando. "Quem sabe os problemas são barrados na imigração e ficam para trás?"

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20 de Novembro.
Ela, seu notebook e sua mala chegaram à porta da casa de Naele, em Mammoth Mountain. O frio era obviamente cortante na estação de esqui, nesta época do ano. Encasacada, enrolada em cachecol, luvas, capuz, ela esticou o braço para fora do carro que dirigia e tocou a campainha do portão.
- Alô?
- Oi, é Mônica*.

O grande portão de ferro se abriu como se fosse a Playboy Mansion, enquanto ela conferia o endereço no e-mail amassado que tirou do fundo da bolsa. Em um ano de conversa com Naele, ela jamais soube que a amiga morava numa casa assim. "Se isso é a casa da montanha, o que será a casa em Los Angeles?" Subiu a longa driveway até a entrada da casa, onde foi recebida por um segurança que abriu a porta do carro e perguntou se ela tinha bagagem.
- No porta malas...
- Eu cuido disso. Seja benvinda.

Surreal...muito surreal. Ela sempre imaginou Naele como uma mulher simples, com o computador ligado num escritório improvisado na copa, a máquina de lavar louça batendo enquanto se falavam...E Jack? Jack para ela era um homem bonito e mal vestido, que bebia cerveja vendo jogo com os amigos num sofá de veludo verde gasto. E por que isso? Nem imagino!
O segurança abriu a porta da frente e disse que ficasse à vontade. Antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa, a porta se fechou atrás dela e era só ela e a sala enorme, rústica, com uma lareira quase da sua altura.
- Hello?? Alguém?
Ela foi tirando as luvas e o casaco, começou a desenrolar o enorme cachecol quando uma porta bateu em outro cômodo. Ela largou suas coisas em cima do sofá e seguiu o som, andando pela casa.
- Oie...?
As duas folhas da porta da cozinha se abriram. De dentro delas saiu o que para Mônica era uma assombração. Descalço, de camiseta branca e jeans, cabelo despenteado, veio ele: Mister Obsession em pessoa com seus olhos azuis, sua pele bronzeada, seu sorriso incrível...
- Oi? - ele disse com ar de curiosidade
Ela demorou uma eternidade para poder responder.
- Ta tudo bem?
- Err...oi. Eu...eu acho que entrei na casa errada...eu tenho um endereço, mas acho que...

Mais surreal! Só acontece com ela, eu falei! Ela viajou dezoito horas, pegou um carro alugado e dirigiu um monte, o jet leg fazia com que ela se entendesse cada vez menos. O que aquela criatura estava fazendo naquele endereço? Era amigo do Jack? Era um fantasma? Ela estava sonhando de novo e ia acordar no avião?

- Calma, deixa eu ver o endereço.
Ela não conseguia sequer se mexer.
- Ta tudo bem?
- Não. Quer dizer...não sei.
Ela andou até a sala onde tinha largado as coisas, pegou o papel na bolsa e ele se aproximou para ler.
- Ta certo. É aqui. -- Mas ele franziu as sobrancelhas quando viu o nome no papel. Tirou o papel da mão dela, desdobrou nervosamente, leu o e-mail inteiro. -- Mônica? Você não é a Mônica!
Mais confusa ainda ela respondeu que sim, ao que ele não reagiu bem.
- Como assim? Você ta brincando, ne?
- Não...brincando por que? Eu sou a Mônica. E você ta aqui por que?
- Eu moro aqui. Jack. Eu.

Hello? O mundo caiu!
Jack e Mr. Obsession eram a mesma pessoa? Durante um ano ela esteve dividindo sua atenção entre Jack e Jack, sem saber? Durante um ano ela fazia Jack e Jack trocarem de lugar para aliviar o coração da paixão por um e da obssessão por...ele mesmo?
Mas o nome da mãe do Mr. Obsession não é Naele! Não...é Meredith N. Stephen -- Meredith Naele Stephen -- mãe de Jack Lindermann -- nascido Jacob Stephen-Lindermann -- Hollywood hunk, superstar, parte do top ten list de atores mais bem pagos, um dos solteiros mais cobiçados do showbis. E a terapeuta? Fuck a terapeuta! Agora tudo estava mais do que confuso...ou não.

- Jack? Não pode ser...
Ela riu e se aproximou dele mas ele deu um passo atras.
- Você não é a Mônica. A Mônica é velha.
- Eu sou velha.
- Não é. A Mônica tem a idade da minha mãe.
- Não. A sua mãe tem 62, eu tenho 45.
- Você não pode ta falando sério.
- Que que ta acontecendo?
- Olha pra você. Eu passei um século achando que você era igual à minha mãe e você aparece desse jeito...?
- Que jeito?
- Assim! -- ele apontou pra ela, olhando de cima abaixo -- olha a tua cara! olha o teu corpo! olha tudo...por que que você não...
Bufando furioso, ele comprimiu os lábios com raiva, deu um soco no aparador perto do sofá.
- Jack...calma...por que você ta com raiva?
- To. Eu to odiando você Mônica. Você não faz idéia. Não faz idéia...

Ela nem pode se recuperar do primeiro golpe e já estava tentando entender mais uma parte dessa história maluca. Ele se alterou, falava muito alto, com gestos grandes:

- Você sabe quantas noites eu quis bater a cabeça na parede até parar de pensar em você? sabe quantas vezes eu quase entrei num avião pra ir te falar que "foda-se se você tem cento e dez anos e tá apoderecendo, porque é com você que eu quero ficar"? Você tem noção das coisas que eu passei? Do quanto eu enchi a cara? Eu fui no psiquiatra!
- Jack...
Ele chegou bem perto do rosto dela, com muita cara de ódio:
- Sabe com quantas mulheres idiotas eu saí, de saco cheio porque ia levar 40 anos pra elas chegarem aos seus pés? Sabe quantas mulheres eu comi pra tentar gostar de alguém? E agora você aparece, 20 anos mais nova...
- Vinte anos mais velha que você.
- São 17. E foda-se!
- E amiga da sua mãe.
- Foda-se também...puta que pariu, Mônica, eu virei um lixo! Por que você acha que eu passava tempos sem entrar online? Porque eu tinha que largar você, entendeu? Eu tinha que tentar achar outra coisa pra fazer, que fosse melhor do que ficar me torturando. Mas quer saber? Não tem!
Ela riu e balançou a cabeça...
- Por que você nunca me disse que era o Jack Lindermann?
- E agora, olhando pra você aí, toda bonitona, me dá mais raiva ainda de pensar que você tem aquela paixão idiota pelo cara la que você não diz quem é! Antes okay...você tem a idade da minha mãe e ele deve ser um velho, azar! Mas não é ne? quem é ele, Mônica?
- Jack, eu acabei de chegar....eu to cansada, com jetleg, acabei de ver a sua cara pela primeira vez, ainda nem me recuperei, e você ta tendo o ataque de ciúme mais absurdo que eu já vi!
- Absurdo o caralho, Mônica! Eu to puto! To me sentindo idiota, trouxa, traído pra caralho!
- Jack...
- Por você e pela Dona Meredith que merece morrer! Que ódio!
- Jack...vem cá.-- ela se aproximou dele, tentou abraçá-lo.
Ele se afastou bruscamente, empurrando os braços dela para longe.
- Abraço nada! Sai!

Sem dizer nada, ela virou e foi buscar a bolsa e o casaco.
- Onde você vai?
- Cadê a sua mãe, Jack?
- Só chega de noite.
- Então diz pra ela que eu volto quando ela tiver em casa.
- Onde você vai?
Ela pegou as coisas e foi para a porta.
- Eu volto à noite! - respondeu sem olhar para tras.

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21 de Novembro

- Mãe, cadê a Mônica.
Sem tirar os olhos do computador, uma Naele meio calma demais responde:
- Não sei...você me diz.
- Ela não voltou?
- Você viu ela aqui?
- Mãe eu não acredito que ela não ligou pra você. Fala!

Naele girou a cadeira lentamente na direção dele, pegou a carteira de cigarro, ofereceu a ele.
- Quer?
- Não mãe. eu quero saber cadê a Mônica, só isso.
- Tentou o celular?
- Ela não atende. Você falou com ela?
Ela acendeu o cigarro, tragou, soltou a fumaça muito calma
- Você atenderia, Jack?
- Mãe, ela ta sozinha em algum lugar. Ela DORMIU sozinha em algum lugar. Me diz que você sabe onde ela tá.
- Eu sei onde ela tá, Jack, mas não vou te falar e você também não vai atrás dela.
- Eu preciso.
- Não. ELA precisa de um tempo. Você fez todo o seu comício e não deixou ela falar. Você gritou e esbravejou porque acha que sofreu, meu filho.... mas ela passou por coisas muito piores que você. Ela não tinha comício pra fazer, mas podia ter tido um enfarte a hora que te viu.
- Como assim? Por que?

Medindo as palavras, Meredith contou a Jack o que a amiga disse a ela, chorando, num Café no centro da cidadezinha. Toda a história da obsessão, desde o sonho, até o momento em que Mônica percebeu que estava se apaixonando por Jack e tentou evitar. Todos os conflitos que ela viveu no decorrer do ano por se achar louca, antes apaixonada por uma foto, depois pelo filho da amiga, vinte anos mais novo...

- E o que que você acha disso tudo, mãe?
- Eu acho que vocês dois perderam tempo demais. Você podia ter me pedido pra ver uma foto da Mônica; eu tenho acesso a milhares delas. Você podia ter me dito o que tava acontecendo, eu daria um jeito de vocês se encontrarem antes. Ela podia ter me contado sobre qualquer uma das paixões dela e eu teria ajudado - com qualquer um dos dois...
- Você podia achar ruim ela ser sua amiga, e a diferença de idade, brigar comigo, sei lá.
- Jack...você é o meu filho querido. Ela é a minha amiga querida, e se não fosse, eu não chamava ela pra vir pra cá. São as duas pessoas que eu mais quero ver felizes.

Jack deu um beijo na mãe que o abraçou por um bom tempo.

- Como você é burro, Jack Lindermann...
- Que que eu faço?
- Vai tomar um banho e ficar lindo.
- Mas mãe...
- To falando...vai logo!

Assim que ele deixou o escritório, Naele saiu. Ao entrar no carro, falou com o segurança:
- Minha amiga Mônica vai chegar. Ponha as malas dela na ante-sala do quarto do Jack, sem que ela veja, e avisa os dois que eu volto dia 24 pra receber os convidados.
- Sim senhora. Boa viagem.

Quando a Mônica chegou, a casa estava vazia e silenciosa. Ela andou pelos cômodos sem encontrar ninguém...entrou na cozinha, passou pelas várias salas, entrou no corredor. Havia música vindo de um dos quartos. Foi até a porta, virou a maçaneta devagar, a música aumentou um pouco. Era uma sala de estar com um sofá, TV, fotos de Jack na estante...e outra porta que ela tentou abrir, mas estava trancada. Bateu.
- Jack?
Sem resposta.
- Jack? Abre? Sou eu...
Bateu novamente.
Cléck. A porta foi destrancada.
A maçaneta girou lentamente.
A porta se entre-abriu.
De cabelo molhado, sem camisa, um "meio Jack" apareceu.
- Oi.
- Oi... preciso contar uma coisa que você não sabe.
- Hm...medo das coisas que eu não sei.
Encostados na porta, meia Mônica para dentro, meio Jack para fora, palavras pausadas, frases curtas, os dois falando baixo, quase sussurrando, muito perto um do outro. Jack fingindo fazer pouco de cada frase dela.
- Aquele cara que eu falei...
- hum.
- ...que eu me apaixonei assim...sem volta...?
- Sei...
- Ele tem olhos incríveis...
- É?
- É...e um sorriso.
- hum.
- ... quase a prova de que deus existe...
Jack sorriu, com os olhos brilhando, e provocou:
- Que mais...?
- O corpo dele...
- Que que tem?
Ela encostou a testa no peito dele:
- É muito pra mim...Jack.
- É nada... -- abraçando -- ...conta mais.
- As mãos?
- Que que tem?
- Parece que se eu der a mão pra ele... se a minha mão couber na dele...e cabe, eu posso andar pra sempre, sem medo de nada.
Jack pegou a mão dela, fechou a sua até cobrir a dela, entrelaçou seus dedos. Ela sorriu, com a outra mão engatou um dedo no cós do jeans dele, puxou para perto.
- Mas mesmo que ele não fosse assim, eu...
- Você...
- ...ia ser louca por ele...

Ele puxou Mônica para dentro do quarto
- Vem aqui, velhinha...


Ai ai...
Tem coisas que não acontecem fora dos filmes, mas eu juro: acontecem com ela!
Livre de um hospício, ela agora vivia outra agonia: suportar ser Mrs. Jack Lindermann - a bruxa malvada estrangeira e velha que fisgou o peixe que todas queriam -- revista de fofoca...tablóides...fans enlouquecidas...falta de privacidade... cenas de amor com atrizes lindas e jovens...viagens intermináveis. Mas no fim do dia, todos os dias, ainda era a presença de Jack que curava tudo, e fazia a vida valer a pena.

É a vida que imita a arte, ou a arte que ouve os sonhos dos vivos?


Bom fim de semana.


*Acho que vai ser pra sempre Mônica

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Segunda-feira, Setembro 08, 2008

Sobre Ex-Provolones Gigantes


22/11/2007 - Mercedes Gameiro toma uma atitude quanto ao seu tamanho incrivelmente avantajado, após experimentar 650 vestidos de avó de noiva, na tentativa de parecer ao menos meio decente numa cerimônica de casamento.

22/01/2008 - Mercedes Gameiro, com 5 kilos a menos, tá crente que tá abafando.

22/05/2008 - Mercedes Gameiro quase pede arrego quando seu peso resolve empacar num número impronunciável dizendo que "não baixa! não baixa! não baixa!"

28/08/2008 - Mercedes Gameiro escuta pela primeira vez o que ela já esperava: "agora chega,! Você era um mulherão e está ficando pequenininha!" Ha! chega nada!

08/09/2008 - Mercedes Gameiro mal se reconhece quando passa pelo espelho e morre de rir toda vez que vê o tamanho de sua própria cintura. Se diverte vestindo roupas que sobram e caem, e anda por aí toda se achando.

A saga do provolone ainda está longe de terminar, mas já é incrivelmente prazeiroso dar de cara comigo mesma, tão parecida comigo mesma antes de não ser mais eu mesma. Entendeu? Ha!


** foto meramente ilustrativa pra dizer: saca a finura do braço da pessoa....eeeeeee!

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Quarta-feira, Setembro 03, 2008

Vão-se os Anéis...e parte da alma


Essa semana começou punk. Logo na segunda-feira eu descobri que minha máquina fotográfica foi roubada debaixo do meu nariz. Muito muito debaixo do meu nariz: de dentro do armário que fica atrás de mim na sala onde eu passo 15 horas por dia, todos os dias.
A minha câmera! Aquela que foi comigo para a Patagônia, Madrid, Barcelona, Aranjuez, Los Angeles, New York, Miami, Disney, Roma, Paris, Curitiba, fotografou natais, amigos, mãos, sorrisos, histórias...e esteve comigo aqui em casa, fotografando detalhes da minha vida que ninguém vê. Quando meu filho pediu a câmera emprestado, e vi que o case estava vazio, vazio foi o que eu senti. Em segundos eu vasculhei o cérebro perguntando onde ele escondeu a informação que estava faltando ali. "Eu emprestei para alguém? Eu levei para Curitiba e esqueci lá? Eu guardei em outro lugar?" Não tem como sair daqui com uma tele 300 sem ser visto!! Não tem? Tem! Tem se você for minha empregada ha 4 anos, tiver toda a minha confiança, for uma amiga sem tempo ruim, for alguém que faz parte do patrimônio da família. Tem!
E foi aí que um vazio maior ainda tomou conta de tudo. Eu perdi uma câmera? Nada...perdi muito mais. Perdi uma pessoa, outra vez. Perdi a esperança, outra vez. Outra vez eu criei uma cobra para me morder, e ela entrou na minha vida na pele de pessoa atenciosa e bem intencionada, pobrezinha e tão boa, dedicada e leal. Outra fucking vez!
Quando é que eu vou aprender?
Por que será que aos quase 47 anos eu ainda não aprendi a reconhecer essas pessoas assim que elas aparecem? Ok...não consigo ver (quando é comigo), mas então por que é que quando eu percebo o primeiro sinal de que a punhalada virá, eu não me livro da criatura? E por que depois da primeira punhalada eu ainda acho que as pessoas mudam e que nunca mais farão aquilo comigo? E por que mesmo falhando em todas as alternativas anteriores, eu ainda fico achando que posso aguentar o baque e resolver tudo sozinha, sem dor, sem incomodar ninguém, sem escândalo? Juro que eu não entendo.
A sensação de ser roubada dessa maneira dói na alma, como doeram todas as outras vezes em que percebi que estava sendo usada, que tanta boa vontade e lealdade não passavam de parte de um plano, que havia um interesse maior capaz de usar meus pontos fracos e o meu coração mole para obter o que a pessoa queria, que ninguém está acima de qualquer suspeita, e se chegar a estar, se colocou lá para poder tirar mais de mim.
Uma, há muitos anos, me tirou o que era meu de direito. Outro me tirou parte da alma, quase leva minha dignidade, meu amor próprio, e minha esperança de viver em paz. Outra levou algum dinheiro e uma máquina fotográfica. Nos três casos, eu permiti.

Cadê a terapeuta aquela para me analisar agora que eu preciso?


...

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Sábado, Agosto 09, 2008

Muitas Mulheres - by Ella Spotlessmind

Eu me pergunto sem parar que tipo de pessoa eu sou e todas as vezes que faço isso, encontro alguém diferente.
Uma vez, de brincadeira, eu disse que sou muitas e sou única e sempre haverá mais de mim. Foi a verdade mais profunda que jamais saiu de mim. Eu posso contar um milhão de histórias de mulheres completamente diferentes, que o mundo juraria que nem se conhecem, e a surpresa final seria saber que todas elas sou eu.
Eu sou essa pessoa que imagina histórias e as vive e vice-versa. Algumas são puro besteirol e eu me mato de rir lembrando delas, outras são tristes de arrancar lágrimas de um iceberg, outras tão românticas, emocionantes e empolgantes a ponto das pessoas dizerem “ah…como eu queria viver algo assim.” E eu vivi.
Vivi mais “Coisas da Vida” do que a Me pode escrever. Vi a lua em vários lugares do mundo e fiz dela testemunha das minhas loucuras -- e só ela viu o que eu vi, só ela ouviu o que eu nunca vou esquecer.


Vivi paixões e histórias tórridas que colocariam "9 Semanas e Meia de Amor" no livro da Mamãe Gansa. Acordei ao lado de amores antigos que eu não veria nunca mais, adormeci no peito de quem estaria ali para sempre.
Amei incrivelmente, homens com caráteres, personalidades e histórias diferentes. Amei escondido, amei errado, fui a outra, fui a única, fui mais uma. Desejei pessoas que nem sonham com meus desejos, outras que sabem de cor meus pensamentos mas jamais me tocaram – e não tocarão. Chorei no carro, no meio fio, na escada do prédio, no elevador, na cama, na estrada, no ombro do desconhecido, de amor, de tristeza, de alegria, de emoção, de decepção profunda. Fui santa, fui perversa, fui pervertida. Fui rainha e fui ninguém.

A cada história que conto, lembro-me de outra que não contei. Fiz coisas não-contáveis, incontáveis vezes e de novo. Fui à igreja, ao centro espírita, ao terreiro de umbanda. Rezei para deus, Cristo, Santa Rita, Iansã e Maria Padilha. Sentei na mesa dos nobres, bebi com a burguesia, andei com os pobres. Vivi todas essas mulheres toda a minha vida e elas foram felizes. Elas brincaram com fogo mais vezes do que eu sozinha poderia. Traíram e foram traídas, amaram e foram amadas. Disseram verdades que ninguém acreditou, contaram mentiras que jamais foram descobertas, omitiram fatos, revelaram tudo. E foram loucas!

Umas amaram meninos, outras conquistaram prêmios, umas criaram deuses, outras beijaram demônios. Em algumas me reconheço, em outras mal me vejo…mas todas tinham um traço em comum: a minha alma – essa alma imensa, capaz de abraçar o mundo inteiro sem distinguir certo e errado. Essa alma feita dos milésimos de segundo do pensamento do universo, que insiste em se deitar, se espalhando pelo mundo como um véu transparente, que acha que pode dividir-se em milhares e doar-se, e mesmo assim, estará inteira.
Toda vez que alguém se espanta com algo que vivi, eu me pergunto que tipo de pessoa sou . Eu sou isso: Única e muitas…um véu transparente encharcado de vida, feito dos pedaços diversos de mim.


Colaboração: Ella Spotlessmind

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Quinta-feira, Julho 10, 2008

Dear Therapist,


Depois do post aí embaixo eu achei injusto dizer que você leria os textos balançando a cabecinha e fazendo tsc tsc. Acho que seria justo economizar o seu tempo e dar de uma vez a lista das conclusões que você vai tirar ao adentrar as portas da minha intimidade pública. Assim você não precisa ler os 237 textos postados aqui. Veja que bacana que eu sou. Tentemos uma análise por post.
Vamos à lista:

1. Um Tango para George - mini-novela em 9 capítulos e meio:
Você vai dizer que eu projetei uma história que eu gostaria que acontecesse comigo, porque falta algo na minha vida, blablabla. Juro que eu nunca pensei em ficar com o George Clooney. Sério.

2. Protect me from what I want
Você vai ficar feliz por eu ter consciência da minha esquizofrenia light.

3. A Mão Grande do Amor da Minha Vida
Você vai achar que eu preciso de proteção paterna...que eu me sinto desamparada...mas eu te adianto que se eu "desamparar" o resto da casa cai, minha nega.

4. Daren e Mariana
Vish...no mínimo vai chamar o hospital psiquiátrico. Mas eu quero levar o clubinho junto!

5. Eu que sou chata?
Você não vai dizer nada porque eu aposto que você também manda uns pps. hehehe

6. Medo
Divirta-se com esse. É sério e tem trabalho pra você nele.

7. Se iludir menos?
Você vai dizer que eu vivo à busca de uma outra realidade, como se ela fosse a minha referência de vida, mas não necessariamente a vida que eu quero. E que isso é um leve sintoma de esquizofrenia...não...bipolaridade? Não...talvez só uma infantilidade mesmo, mas vamos falar sobre a sua infância...

8. Insanity
Oh my God, essa vai te arrepiar os pelinhos da orelha! Pobre, pobre, pobre e atrapalhada Mercedes, perdeu a bússola há anos e nem se deu conta. Ou se deu conta mas está achando graça do que pode na verdade ser terrível.

9. Pessimismo
Sim sim, você vai dizer que eu nego o comportamento das mulheres da minha idade porque eu me recuso a envelhecer, amadurecer, enchatecer, etc...Não é verdade. Eu só não sou igual a elas. Period.

10. Vida leva eu...
Talvez você cale como até eu calei agora quando reli este texto.

11. Desabafo de Ella Spotlesmind
Ai ai ai...vai ser um saco ouvir tudo o que você vai ter pra dizer. Vai ser péssimo ouvir o que eu já estou careca de saber. Céus! Eu tenho 47 anos; se eu não me conhecer, quem há de?
Mas hey! Ella não sou eu...Ha!

12. Inexistência
- Mercedes, me conte esta história....
- Nunca! "Não quero falar de você. Não lembro. Não sei quem é."

13. A Outra História
...

14. Coisas da vida 1, 2, 3, 4, 5, 6
...

15. Feijões
"Quem você pensa que é para tornar tudo tão simples?"

Olha, eu tenho certeza que você tem muito mais o que ler.
Não adianta ler os meus textos tentando me analisar. Em cada um deles eu estou inteira. Em cada história, cada frase, cada linha.
Não há como dissecar algo que se apresenta inteiro. Para facilitar o seu trabalho, vou dizer: em duzentos e poucos textos, mais o TPM, o in english e os outros, eu sou eu e sou muitas. Não há Aaron Beck que possa mudar isso. E se ele tentar eu grito!

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Still crazy after all these years


Hoje fui ao médico. Na verdade médica. Fui me pesar e descobrir quanto tempo falta para eu me olhar no espelho e ficar feliz. "Quanto tempo é 4 kilos?" Conversando com ela, eu acabei dizendo para mim mesma o que está acontecendo comigo: eu estou feliz demais para escrever. É isso! Eureka! Preciso de algo que me deprima, urgente! "Dá um remedinho?" Como eu posso escrever coisas emocionantes se eu dirijo até o consultório dela cantando alto e sorrido feito uma doida? Se eu dou risada o dia inteiro? Se meus ataques de brabeza não duram mais do que cinco minutos e, não conta pra ninguém, eu não fucking tenho do que reclamar!

Por falar em dirigir, a trilha sonora no meu carro hoje esteve meio vergonhosa por alguns minutos, mas eu não pude evitar. Juro que não pude!

"Hello...is it me you're looking for?
I can see it in your eyes...
I can see it in your smile..."

Meu pai! Eu só tenho perdão porque não era o Lionel Richie cantando. E lá vai Mercedes na Marginal Pinheiros, vidro aberto, cigarro na mão, óculos escuros, berrando: I can see it in your eeeeeyes...

E as pessoas querem que eu escreva? Você tem noção do quanto eu dei risada da minha própria trilha sonora? Como eu vou chegar em casa depois disso e escrever um texto sério? Inventar uma história de amor? Contar uma lembrança singela de infância? Impossível! A verdade verdeira é que há duas semanas eu tive uma decepção gigante que me tirou o chão de um jeito, que depois dela eu fiquei leve. Juro. Estou leve e feliz como...como...hmmm...sabe namorado novo? Assim. Como se eu tivesse namorado novo. Não tenho, viu? Tenho aquele de sempre, que acorda aqui em casa todo dia, mas adoooouro!

A outra coisa que eu lembrei quando estava conversando com a minha little médica (sim, ela é meio miniatura), é que na primeira conversa com a terapeuta nova da Natasha, eu acabei falando que eu escrevo. Ai meu deus, eu e a minha boca grande! Já menti tanto nessa vida de meu deus, fui falar a verdade logo pra terapeuta...Pois ela perguntou do meu blog e você não sabe o que eu fiz. EU DEI O ENDEREÇO DO BLOG PRA CRIATURA. NÃAAAAAAO! PRA TERAPEUTA NÃAAAAO! Depois eu só faltei bater a cabeça na quina da mesa até sangrar! Você pode imaginar a terapeuta com aquele jeitinho meigo e professoral de falar, lendo esse blog? Isso não vai prestar... Eu tenho certeza que ela vai ler post por post balançando a cabecinha e fazendo "tsc, tsc, tsc" com olhar de "hãn...está explicado". Quando ela me chamar para entregar o diploma negro da mãe deformadora de filhas, eu vou mandar dizer que fui pro Tibet passar sete anos com o Brad Pitt. Pra Londres cuidar dos cachorrinhos da rainha! Pra Colômbia, me juntar às FARC e comer minhoca na selva por 10 anos! Ai jesus me leva!

Então, senhoras e senhores, é isso por hoje. Eu realmente sinto muito se não tenho nada de muito útil para dizer, mas a culpa é do Lionel Richie.

Um beijo amigo no seu umbigo.

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