Sexta-feira, Março 12, 2010

_pensamentos negros

Linda Hamilton - Sarah Connor em Terminator II

Eu tenho pensamentos obscuros. Dark mesmo.
Fora meus sonhos acordada e meus delírios sobre histórias de amor com final feliz, cheias de romance e frases que ninguém ousaria dizer, um lado da minha mente é dark as dark can be.

Nos momentos dark eu penso em assassinatos horrorosos, em quase sequestros, enchentes, vendavais, traço planos completos de sobrevivência, penso nas coisas que eu devia estar aprendendo enquanto da tempo. Depois passa. Depois eu respiro fundo e solto o ar pronunciando a frase: "credo que horror!", e passa. Mas não posso dizer que isso só acontece às vezes. Isso acontece muito.
A primeira vez que me assustei com a minha cabeça foi quando estava escrevendo uma história para um roteiro e resolvi tomar um Red Bull de madrugada. Uma porta se abriu e eu disparei a escrever uma sequência que jamais pensei que fosse capaz. Toda uma tática de assalto, violência, bandidos falando com uma realidade que não sei de onde tirei, tiroteio, carcereiro morto, uma fuga fenomenal de uma delegacia, com um plano perfeito, na noite do ataque do PCC.
Quando terminei, foi como se a entidade tivesse ido embora. Li as 30 páginas, de cabelo em pé, assustada com o que havia saído da minha cabeça.
Mas isso não era tão novo. Eu sempre tive visões assustadoras.
De um tempo para cá eu penso no fim do mundo e no que a gente deveria saber para sobreviver a ele. Não que eu acredite que o mundo vai acabar como dizem os profetas do fim, mas anyway...

Em primeiro lugar, preciso aprender a fazer fogo sem meu zippo ou uma caixa de fósforo por perto. Eu já sou a pessoa que faz fogo na minha casa, mas ainda tenho dificuldade com a ausência de pólvora ou combustível. Segundo, preciso ter uma arma. Ou "umas". Não vai ser fácil sobreviver a todas as pessoas que vão querer roubar o que a gente tem...as pessoas vão matar por uma caixa de fósforos ou uma lata de salsicha. Ou bem pior: por sexo. Essa é uma das partes que me apavora...penso em como proteger a minha filha, e meu estômago revira quinze vezes em meio segundo, só por admitir que o pensamento passe de raspão por mim.
Também preciso proteger o meu marido dele mesmo, porque ele é criança de apartamento e não sabe nada da vida sem o conforto da tecnologia, sem falar nas aulas de física que ele matou na adolescência e hoje fazem falta em situações simples como passar uma mesa por uma porta, ou acreditar que um secador de cabelo ligado numa banheira cheia possa matar alguém. (Desculpa amor, não resisti.)

Então... fogo e armas. Preciso aprender a caçar e descarnar um animal. Saber que bicho pode me matar e qual pode ser comido. Que plantas são venenosas e quais podem me curar de alguma nhaca. O que pode substituir um antibiótico? e um antinflamatório?
Preciso de um carro de verdade. De verdade, leia-se um carro mecânico, sem perfumarias eletrônicas, sem computador de bordo, sem frescuras de segurança. Um carro que funcione mesmo que tenha um cabide de lavanderia no lugar do cabo do acelerador. Que não páre quando o airbag estoura. Que ande com gasolina, etanol, caldo de cana, whisky, elixir paregórico.
E preciso de uma bússola, um mapa impermeável, um tênis que dure pra sempre, um binóculo que funcione decentemente e não pese cinco quilos. Preciso de uma pá.

E eu sei onde me esconder se alguém chegar na minha casa hoje. Tem um lugar para enchente, um para ameaças humanas, um para proteção temporária...E na casa que eu estou construindo tem um mini bunker. Claro que não foi construído para isso, mas dá para passar uns dias.
Eu sei...isso é loucura. Será?
Há séculos alguém inventou a chave, a arma, a polícia, e a gente sabe que deve trancar a casa antes de dormir. Todo mundo tem portão e guarda noturno. Mas a questão é que onde eu moro as casas não têm muros nem portões. A maioria tem zero segurança, confiando na portaria cheia de meganhas armados, câmeras de segurança, rádios e carros de ronda. Mas e se um dia dá uma caca generalizada? Ninguém está mais ao deus dará do que nós, pessoas dentro dos condomínios, sem trancas e sem grades nas janelas.
O que eu sei é que esses pensamentos me incomodam e, mesmo ponderando, a única frase que me passa pela cabeça quando avalio tudo e me acho louca, é: Noé construiu a arca ANTES da chuva.
Pois é. Não custa...
Sei lá.

Marcadores: , , , ,

Terça-feira, Fevereiro 09, 2010

_domésticas


Já se foi o tempo que meus assuntos eram nobres.
A vida real me engoliu de um jeito que derrubou meu ar de semi-deusa e eu agora tenho problemas de simples mortais. E meu problema agora chama-se empregada.

Então, estou em busca de uma. Eu já tenho a Ritinha, mas ela está ficando obsoleta. Depois de oito anos, ela virou patrimônio da família e a gente não deixa que ela faça serviços mais pesados, nem nada que possa piorar a situação já lamentável da coluna dela. Ritinha é protegida de todos nós e ponto. Preciso de alguém para fazer o que Ritinha não deve fazer, sem Ritinha perceber...ou seja: Ritinha não é mais exatamente uma empregada. É a tia que cozinha bem e vem aqui todo dia.
Uma vez eu tive a Luzia. Luzia não era uma mulher, era um SER de dois metros por dois e meio. A circunferência do peito dela fazia a fita métrica ficar deprimida. Forte como um leão, carregava qualquer coisa sozinha, arrastava piano, subia escada com qualquer peso, e limpava minha casa como ninguém. Mas eu tive que mandar a Luzia embora para ela não ir para a cadeia, depois de roubar e facilitar o roubo de um incontável número de objetos eletrônicos de fácil comercialização da minha própria casa: máquina fotográfica, PSP, GPS, barbeador, fotômetro....pera! Fotômetro não é fácil de vender! Mas ela levou...o fotômetro e o manual em inglês. O manual em japonês ela deixou pra mim. Além de levar todas essas coisas e deixar as bolsas, cases e embalagens, para que a gente levasse tempo para dar falta, ela também mentia. Mas mentia! Me pediu dinheiro para tirar a mãe do hospital...aos prantos. Emprestei o dinheiro para ela e uma semana depois a mãe liga:
- Como vai? A senhora está melhor?
- melhor do que?
- a senhora não esteve no hospital?
- Deus me livre, minha filha, eu não passo na porta de um hospital há 30 anos, graças a deus.

Eu devo ter a palavra "TROUXA" piscando em neon na testa.
Anyway...juntando Rita e Luzia, pode-se criar uma nova língua. Tanto na fala, quanto na escrita, o talento para criar palavras é incrível.

- Olha um pudinho! (filhote de poodle)
- É um circo viçoso... (acho que dispensa tradução)
- Ele é um INS-PRI-TO de porco! (assim so-le-tra-di-nho)
Na lista de supermercado: manregicão, varge, ribingela (what?), bolbril, verja, indinzinfentanter, sarzinha e sebolim, molo choi (shoyu), papel ingenco (ou ginenco, depende do dia). E meu santo nome, que varia de DôMercê a DonMecedi também dependendo do dia.
Mas a melhor história de todos os tempos veio da Luzia: existe uma doença que dá em recém-nascidos chamada "Mar de Marcioto". Mar vem de Mal. Então é marrr, R com som de "ãr", pra dentro, de caipira.
Então o irmão dela "quase arruinou" quando nasceu, porque pegou mar de marcioto, mas a mãe dela - que deve ser tão macumbeira quanto ela - sabia uma simpatia que é a única coisa que cura mar de marcioto depois que "os médico desengana". Simples: você leva a criancinha para debaixo de uma árvore, tira a roupa dela e coloca ela - a criança - direto na terra...na grama, ou o que for. Aí você pega uma faca (aqui você insere a imagem da minha cara horrorisada ouvindo a história) e corta a criancinha...NÃO! não a criancinha...você vai cortando a terra em volta da criancinha, fazendo o formato dela. Aí, você desenhou a criança na terra, então a doença passa pra criancinha desenhada...e você pode tirar o seu nenem dali que ele ta curado. Isso! Você enganou a doença. Ha!
Eu passei dias tentando achar no google qualquer nome de doença que fosse parecida com Marcioto, sem nenhum sucesso. Mas ela continuou dizendo que eu podia perguntar pra qualquer médico que eles sabem, e sabem que não tem cura.

A vida era mais divertida com a Luzia por perto. Ela fazia macumba pra chover, pra parar de chover, pro Claudio acordar logo que ela tinha que ir embora cedo, pra tudo e pra todos. Pra mim inclusive. Acendeu mais vela na minha casa do que todos os terreiros de Salvador em dia de Nosso Senhor do Bomfim. Mas eu ria mais naquela época.

Pós Luzia, já passaram três por aqui. Nenhuma delas divertida, nenhuma delas trabalhadeira, todas sensíveis demais...e eu preciso de alguém ontem.
Agora me resta entrevistar empregadas e não existe coisa mais bizarra do que uma entrevista de empregada. Segundo o Franc Souza, não precisa pedir currículum nem perguntar qual é o livro de cabeceira. Este seria o questionário padrão:

1) Usa muita Q Boa?
2) Omo ou Minerva?
3) Com pense ou sem pense? (pensa no que faz de almoço?)
4) Sabe diferenciar roupa branca de roupa de cor?
5) Poblema ou pobrema?
6) Sabe fazer bife a milanesa ?
7) Feijão?
8) Arroz soltinho?
9) Arrumar cama?
10) Persegue a novela?
E eu acrescentaria:
11) fuma? (Por que eu fumo...mas odeio cheiro de cigarro, então empregada minha não fuma nem la fora!)

É um saco...
A gente quer saber com que a filha namora, se é de família boa, se tem vícios ou não; analisa a ficha cadastral dos clientes, vive investigando tudo e todos para não dar passos em falso, mas na hora de escolher empregada vale sempre o mesmo critério: ir com a cara. E lá vou eu errar de novo com certeza, porque eu não nasci pra isso...isso tem que ser passageiro. Help!





Letreiro de letras miúdas igual àqueles de final de comercial de varejo de carro que tomam metade da tela:
Amiga, se você/sua mãe/avó/tia/vizinha é/foi/talvez venha a ser empregada doméstica, saiba que este texto não pretende ofender a ninguém, muito menos a você. Se você fez faculdade graças ao esforço da sua mãe/avó/tia/você mesma, acho lindo. Mesmo! Mas por favor não seja chata e não poste comentários me chamando de preconceituosa porque, quer sua mãe/avó/tia/você mesma queira quer não, existem empregadas engraçadas e o fato de você não gostar não muda isso. Se seu problema for com o termo "empregada" sinto comunicar que "empregada" é a nomenclatura usada para denominar "empregada doméstica", o que não acontece com "assistente" ou "secretária" que são funções totalmente distintas, exercidas fora do ambiente doméstico . Eu não gosto e não uso os termos politicamente corretos porque acho todos eles mais preconceituosos do que tudo. Preto não é moreninho nem de cor, até porque é de cor PRETA ou MARRON no mínimo. Gordo não é fisicamente avantajado, é gordo, que vem de gordura, que é o que faz ele ser gordo. Fisicamente avantajado é haltereofilista, esse também fica impotente, mas é outra historinha. Velho é idoso, não é "da melhor idade". Melhor idade é 30, é 25, é 40. 80 é a pior idade. Então vamos combinar que empregada é cargo e não xingamento. E não vem ser chata no meu blog porque, antes que eu me esqueça: 1. talvez o preconceito esteja na SUA cabeça e não na minha 2.esse papo é muito chato fora da novela das oito - que também é chata.




Marcadores: , , , , , ,

Segunda-feira, Fevereiro 16, 2009

Alô?

"Eu gostaria de falar com o Sr. Mercedes."
"Pode falar...é ela."
"Ah...nossa...é que aqui dizia Mercedes, então eu achei que fosse SENHOR."
"Como assim?"
"É...pensei que fosse um senhor, Mercedes."
"Mas Mercedes é nome de mulher."
"É? Não sabia...achei tão diferente..."
"E me ligou para...?"
"É que a revista Isto É está com uma campanha de incentivo à leitura...a assinatura vai sair por só 6 vezes de 35 reais."
"Puxa que bom...mas aqui em casa ninguém lê."
"Não?"
"Não...obrigada."


"Alô...?"
"A Senhora Menezes se encontra?"
"Não tem ninguém com esse nome."
"Não?? E o Tiago?"
"Também não tem Tiago."
"Ai...é da telefônica, eu sou o técnico, precisava terminar um reparo..."
"Não seria Mercedes? Diogo?"
"Ah...isso!"


"Por favor o Senhor Diogo?"
"Ele não se encontra...são 3 horas da tarde...ele trabalha."
"A que horas eu posso encontrá-lo?"
"A que horas você chega na SUA casa?"
"Não importa, Senhora...a que horas ele se encontra?"
"Depois das 9."
"Só trabalhamos até as 18, senhora."
"O que você quer que eu faça?"
"Tem um telefone onde eu possa encontrá-lo?
"Alguém liga pra você no trabalho?"
tuuu. tuuuu. tuuuu. tuuuu...


"Alô? Senhor Luiz?"
"Não."
"O Senhor Luiz se encontra?"
"Ah!...não."
"A que horas ele chega?"
"Não sei...ele não mora aqui."
"Mas ele chega em algum momento?"
"Ele não mora aqui."
"Sim, mas ele vai aí as vezes?"
"Só se vem escondido, porque eu não conheço nenhum Luiz."
Tuuuu. Tuuuu. Tuuuuu.

"Senhora Mercedes, então, daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática vai ligar para a senhora...a senhora explica que falou comigo - o Jean - e que quer cancelar as assinaturas...ela é uma mocinha muito simpática...a senhora explica para ela. Assim ela cancela as assinaturas e bloqueia os seus cartões para nunca mais acontecer de a senhora receber revistas indesejadas, está bem? Então...daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática vai ligar...a senhora atende, entendeu? Daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática..."
"ENTENDI, JEAN! CHEGA!"

No dia seguinte...

"Alô?"
"Senhora Mercedes? O Jean da editora me pediu para ligar para a senhora para confirmar as assinaturas das revistas Isto É Gente, Menu, Planeta, blablablablabla"
Tuuuu. Tuuuu. Tuuuu.

Me diz pra que é que eu ainda atendo telefone!

Marcadores: , , ,

Quinta-feira, Setembro 18, 2008

Quem perguntou?

Ninguém perguntou, mas eu vou contar como andam as coisas aqui no reino de Mercedes.

. Toda blusa é uma bata.
. Tem poeira em todos os cômodos.
. Estou dormindo no quarto de hóspedes, porque chegou a hora de pintar o meu quarto.
. Toda calça cai se eu andar rápido.
. Meu closet segue trancado porque agora eu estou com medo que roubem mais alguma coisa.
. Toda vez que eu preciso pegar uma roupa, esqueço de pegar a chave.
. A cozinha tem cheiro de tinta esmalte.
. A escada ainda está forrada com papel craft.
. O banheiro do quarto de hóspedes não comporta este casal espaçoso.
. Meu carro vai demorar quase 20 dias para ficar pronto.
. Meu carro-reserva é uma pulga cujo único feature interessante sou eu.
. Eu ainda fico meio aflita se o Diogo demora pra chegar.
. O lugar preferido do meu marido virou depósito de tinta e roupa fedida de pintor.
. Hoje fiquei sem luz mais de 3 horas.
. Eu não saio de casa antes das 4:30, porque (de novo) tenho medo que roubem mais alguma coisa.
. Meu banheiro está inteiro coberto com plástico preto empoeirado.
. Não treino há quase um mês.
. Sigo comendo mil calorias por dia, mas ontem descontrolei geral e comi pizza. Com certeza, o nome do descontrole era "pintor".
. Desde que roubaram a câmera eu só consegui ir ao médico uma vez.
. Todos os CDs da casa estão dentro de uma caixa plástica gigante e eu nem penso em guardar.
. Estou com a mesma blusa há dois dias, porque esqueci a chave e resolvi vestir a de ontem.
. Não importa para onde se olhe, haverá um rastro dos pintores.

Quer trocar?

Marcadores: , , ,

Domingo, Agosto 24, 2008

Queimando o Protocolo


Definitivamente eu sou velha, rabugenta, elistista, pentelha, preconceituosa, e o que mais quiserem. Aceito. Aceito...mas não aceito que o protocolo de uma cerimônia importante seja quebrado. Toda vez que isso acontece, enquanto um monte de mané acha o máximo, eu morro de vergonha alheia.

Eu acredito no velho ditado "em Roma como os Romanos" e acho que é assim que é certo. Se eu vou numa casa não-fumante -- e os sinais são claros, falta de cinzeiro na sala, etc -- eu não fumo e fim. Porque não é o dono da casa que tem que mudar por minha causa. E isso serve pra muitas coisas nessa vida de meu deus, mas está cheio de gente mal educada por aí que nem sonha em pensar nisso um dia.

Estou eu sentada em frente à TV vendo a final do Volei feminino, fiquei feliz e emocionada com o ouro delas, lógico, foi sensacional! Aliás, eu chorei trezentas vezes durantes as Olimpíadas...E elas chegam para a cerimônia de premiação. Vamos começar analizando a palavra CERIMÔNIA? Diz aqui no meu dicionário:
Pompa e formalidades para maior brilho de solenidades oficiais; conjunto de formalidades de civilidade, de preceitos de cortesia entre particulares ou entidades;
Veja só que incrível! Toda "cerimônia" involte um "cerimonial" e é "sonele".
Mas alguém lembrou de explicar isso para Brasileiros em geral? Principalmente aqueles cuja profissão sempre acaba, de um jeito ou de outro, numa "cerimônia solene"?

Então as meninas do Volei entraram para a cerimônia pulando. Hm..até aí tudo bem, porque elas estavam felizes, mas a minha ingenuidade ainda dizia que já já elas ficariam quietas e respeitariam o que seria o apogeu de suas carreiras. Santa ingenuidade! Não aconteceu. Para meu desespero, elas receberam as medalhas, e uma delas sacou de um papel todo amassado e abriu um cartaz mal feito e pavoroso que não dava para ler. Para fazer isso ela se desfez do buquê de flores cheio de significados importantes para os chineses e para os atletas sérios.

- Vai acabar aí, né? Perguntava o meu coração já querendo se enfiar debaixo do sofá para não ver mais nada.
- Não! - respondia o Galvão Bueno achando lindo - Elas vão quebrar o protocolo! Elas vão quebrar o protocolo!

Não...elas estavam prestes a queimar o protocolo. O protocolo e a minha cara como Brasileira, em rede mundial, sem a minha autorização! Meu pai! Elas deram as mãos e abriram uma roda...eu aqui já me arrepiei inteira e fiquei de cabeça baixa pensando: "não....oração não! Não reza, não reza...não me envergonha!" Mas sem dar a mínima pra a minha cara chamuscada, elas gritaram "Obrigado Senhor!", morderam a medalha (acho) e se jogaram no chão!
Nãaaaaaaaaaaaaaaaaao! Não faz assim comigo!! Eu não aguento tanta vergonha alheia de uma vez! Eu quis me esconder...eu quis sair correndo...eu olhei bem pra ter certeza de que estava mesmo sozinha...aff...estava, graças a Nossa Senhora do Vexame Mundial.

Não satisfeitas com toda a família de micos, macacos, e afins, elas resolveram rolar no chão e fazer uma pilha humana grotesca de bundas para cima, deixando sem graça o presidente do Comitê Olímpico, o da Feredação de Volei (ou coisa que o valha) e eu!

Gente, que vergonha...por que a gente não pode ser normal? Por que brasileiro tem sempre que dar um show de falta de educação? Por que as pessoas acham bonito não ter postura? Alguém já viu um ator ou diretor ir receber o Oscar de bermuda e fazer o que fazem aqui no Brasil em festival de cinema? É igual aos prêmios de música: o diretor chega la no microfone com uma roupa bem meia boca, que ele deve usar também pra ir na feira, e grita: POOOORRAAAA!! DO CARÁAAAALEEEEO! POOOOOOORRRAAAA!

Acho chique...acho que um cara desse não respeita o prêmio que está recebendo. Acho que alegria não se manifesta assim. Acho que uma pessoa que lutou para chegar até aí deve ter um vocabulário um pouco mais extenso - espera-se. Acho um vexame!
As meninas do Volei perderam, na minha opinião, uma grande oportunidade de entrar para história pelo seu feito extraordinário. De minha parte, elas serão lembradas por queimar a cara em rede mundial. Uma vergonha, no que me diz respeito.

Mas eu sou chata.

Buenas!

Marcadores: , ,

Quinta-feira, Julho 10, 2008

Dear Therapist,


Depois do post aí embaixo eu achei injusto dizer que você leria os textos balançando a cabecinha e fazendo tsc tsc. Acho que seria justo economizar o seu tempo e dar de uma vez a lista das conclusões que você vai tirar ao adentrar as portas da minha intimidade pública. Assim você não precisa ler os 237 textos postados aqui. Veja que bacana que eu sou. Tentemos uma análise por post.
Vamos à lista:

1. Um Tango para George - mini-novela em 9 capítulos e meio:
Você vai dizer que eu projetei uma história que eu gostaria que acontecesse comigo, porque falta algo na minha vida, blablabla. Juro que eu nunca pensei em ficar com o George Clooney. Sério.

2. Protect me from what I want
Você vai ficar feliz por eu ter consciência da minha esquizofrenia light.

3. A Mão Grande do Amor da Minha Vida
Você vai achar que eu preciso de proteção paterna...que eu me sinto desamparada...mas eu te adianto que se eu "desamparar" o resto da casa cai, minha nega.

4. Daren e Mariana
Vish...no mínimo vai chamar o hospital psiquiátrico. Mas eu quero levar o clubinho junto!

5. Eu que sou chata?
Você não vai dizer nada porque eu aposto que você também manda uns pps. hehehe

6. Medo
Divirta-se com esse. É sério e tem trabalho pra você nele.

7. Se iludir menos?
Você vai dizer que eu vivo à busca de uma outra realidade, como se ela fosse a minha referência de vida, mas não necessariamente a vida que eu quero. E que isso é um leve sintoma de esquizofrenia...não...bipolaridade? Não...talvez só uma infantilidade mesmo, mas vamos falar sobre a sua infância...

8. Insanity
Oh my God, essa vai te arrepiar os pelinhos da orelha! Pobre, pobre, pobre e atrapalhada Mercedes, perdeu a bússola há anos e nem se deu conta. Ou se deu conta mas está achando graça do que pode na verdade ser terrível.

9. Pessimismo
Sim sim, você vai dizer que eu nego o comportamento das mulheres da minha idade porque eu me recuso a envelhecer, amadurecer, enchatecer, etc...Não é verdade. Eu só não sou igual a elas. Period.

10. Vida leva eu...
Talvez você cale como até eu calei agora quando reli este texto.

11. Desabafo de Ella Spotlesmind
Ai ai ai...vai ser um saco ouvir tudo o que você vai ter pra dizer. Vai ser péssimo ouvir o que eu já estou careca de saber. Céus! Eu tenho 47 anos; se eu não me conhecer, quem há de?
Mas hey! Ella não sou eu...Ha!

12. Inexistência
- Mercedes, me conte esta história....
- Nunca! "Não quero falar de você. Não lembro. Não sei quem é."

13. A Outra História
...

14. Coisas da vida 1, 2, 3, 4, 5, 6
...

15. Feijões
"Quem você pensa que é para tornar tudo tão simples?"

Olha, eu tenho certeza que você tem muito mais o que ler.
Não adianta ler os meus textos tentando me analisar. Em cada um deles eu estou inteira. Em cada história, cada frase, cada linha.
Não há como dissecar algo que se apresenta inteiro. Para facilitar o seu trabalho, vou dizer: em duzentos e poucos textos, mais o TPM, o in english e os outros, eu sou eu e sou muitas. Não há Aaron Beck que possa mudar isso. E se ele tentar eu grito!

Marcadores: , , , ,

Terça-feira, Junho 10, 2008

Precisa-se de Borboletas

Oi, Me!
Estou tão triste, e você sabe, sempre que isso acontece eu corro pra você.
Ninguém mandou ter tanto tempo e ombros largos. Eu preciso deitar a cabeça no ombro de alguém, e you are the one.

Então...minha vida está calma. Meu coração está calmo. Meu trabalho está calmo. Até o CD no meu carro é calmo. Tudo estável. Tudo controlável. Amiga, você tem noção? Isso é um inferno!
Eu não aguento mais tanto equilíbrio! Eu quero minhas borboletas de volta, fazendo arruaça dentro do meu estômago. Eu quero, eu preciso, eu tenho que me apaixonar.
Aff, como eu sou débil mental, eu sei. Você deve estar se matando de rir da minha cara. Enquanto o mundo inteiro toma anti-depressivos, calmantes, faz Yoga, meditação, Heik, terapia de chácras, eu sinto falta da minha montanha russa. Me explica como esse povo consegue viver nessa paz? Quem precisa de paz? Eu preciso de paixão!
Paz não é uma coisa divina...paz é o inferno disfarçado...é morna, é fria, é silenciosa, é acomodada. Divina é a paixão que modifica tudo, que bagunça o chão, que faz a gente andar mais longe, dar mais um passo, sentir-se viva. Ai Me...que saco! eu queria ser normal (ou nem).

Bom, sejamos práticas! Você vai perguntar COMO eu não estou apaixonada...cadê aquela homarada que sempre esteve à minha volta? Cadê? Cadê?
Estão todos aí, Me, no mesmo lugar. Mas ai! Cansei!
Tem aquele diretor de arte gatinho, ta logo ali no meus MSN me olhando as we speak, mas ai que preguiça...quanto tempo faz que a gente fica nessa galinhagem de se provocar pela internet? Já não dava para eu ter morrido de paixão por ele? Se não aconteceu até agora, só por um milagre, amiga. Só se a gente saísse da zona de conforto de olhasse um na cara do outro. Aí sim, talvez, não sei.
E tem aquele bem novinho, lembra? Aquele que era lindo de dar dor de estômago? Aquele de faz tempo? Então...ressurgiu das cinzas, agora super decidido a fazer o que não fez quando devia. Hmm...preguiça. Preguiça porque isso exige um tempo de distância segura, mandando fotinho, recadinho, carinhozinho...Papo furadézimo, falta de assunto, porque a inteligência dele só aparece ao vivo sabe? É inteligência visual (hahahha!). Bom...e assim como o outro ali em cima, se não bateu ainda não vai bater. Não, a não ser que ele deixe de ser mané e me sequestre pra ver no que dá. É, porque dessa vez eu não vou mexer um dedo mindinho para ir ao encontro dele. Ele que venha. Ele que mostre que é homem. Ele que tenha coragem, mas ai...preguiça também. Vai ficar nessa lenga lenga até quando?
E tem o outro. O único que pode vir a ser alguma coisa séria. Tá la, em stand by, cuidando da vida dele com um olho no gato e outro em mim, mas não toma uma atitude. Será que o que os três têm em comum é medo de mim? Ou eu to fedendo?
Será que nenhum dos três consegue ler a placa em letras garrafais na minha testa, piscando em vermelho 24 horas por dia: SURPREENDA-ME! ARREBATE-ME! FAÇA ALGO APAIXONANTE!
Ai que preguiça...ai que tédio...ai que ódio! Meee!! Diz pra eles que eu preciso me apaixonar? Diz pra eles que eu não aguento mais homem sem atitude? Diz pra eles? Eu estou tão cansada de ensinar todos os homens que chegam perto de mim como eles deveríam agir..."Vem cá meu filho que eu vou te contar o que uma mulher espera de um homem." Ah...o que aconteceu com eles? Quem estragou os homens? Eu quero as minhas borboletas de volta.

Help!!

Beijos

Ella

Marcadores: , , , , , ,