Sexta-feira, Março 12, 2010

_pensamentos negros

Linda Hamilton - Sarah Connor em Terminator II

Eu tenho pensamentos obscuros. Dark mesmo.
Fora meus sonhos acordada e meus delírios sobre histórias de amor com final feliz, cheias de romance e frases que ninguém ousaria dizer, um lado da minha mente é dark as dark can be.

Nos momentos dark eu penso em assassinatos horrorosos, em quase sequestros, enchentes, vendavais, traço planos completos de sobrevivência, penso nas coisas que eu devia estar aprendendo enquanto da tempo. Depois passa. Depois eu respiro fundo e solto o ar pronunciando a frase: "credo que horror!", e passa. Mas não posso dizer que isso só acontece às vezes. Isso acontece muito.
A primeira vez que me assustei com a minha cabeça foi quando estava escrevendo uma história para um roteiro e resolvi tomar um Red Bull de madrugada. Uma porta se abriu e eu disparei a escrever uma sequência que jamais pensei que fosse capaz. Toda uma tática de assalto, violência, bandidos falando com uma realidade que não sei de onde tirei, tiroteio, carcereiro morto, uma fuga fenomenal de uma delegacia, com um plano perfeito, na noite do ataque do PCC.
Quando terminei, foi como se a entidade tivesse ido embora. Li as 30 páginas, de cabelo em pé, assustada com o que havia saído da minha cabeça.
Mas isso não era tão novo. Eu sempre tive visões assustadoras.
De um tempo para cá eu penso no fim do mundo e no que a gente deveria saber para sobreviver a ele. Não que eu acredite que o mundo vai acabar como dizem os profetas do fim, mas anyway...

Em primeiro lugar, preciso aprender a fazer fogo sem meu zippo ou uma caixa de fósforo por perto. Eu já sou a pessoa que faz fogo na minha casa, mas ainda tenho dificuldade com a ausência de pólvora ou combustível. Segundo, preciso ter uma arma. Ou "umas". Não vai ser fácil sobreviver a todas as pessoas que vão querer roubar o que a gente tem...as pessoas vão matar por uma caixa de fósforos ou uma lata de salsicha. Ou bem pior: por sexo. Essa é uma das partes que me apavora...penso em como proteger a minha filha, e meu estômago revira quinze vezes em meio segundo, só por admitir que o pensamento passe de raspão por mim.
Também preciso proteger o meu marido dele mesmo, porque ele é criança de apartamento e não sabe nada da vida sem o conforto da tecnologia, sem falar nas aulas de física que ele matou na adolescência e hoje fazem falta em situações simples como passar uma mesa por uma porta, ou acreditar que um secador de cabelo ligado numa banheira cheia possa matar alguém. (Desculpa amor, não resisti.)

Então... fogo e armas. Preciso aprender a caçar e descarnar um animal. Saber que bicho pode me matar e qual pode ser comido. Que plantas são venenosas e quais podem me curar de alguma nhaca. O que pode substituir um antibiótico? e um antinflamatório?
Preciso de um carro de verdade. De verdade, leia-se um carro mecânico, sem perfumarias eletrônicas, sem computador de bordo, sem frescuras de segurança. Um carro que funcione mesmo que tenha um cabide de lavanderia no lugar do cabo do acelerador. Que não páre quando o airbag estoura. Que ande com gasolina, etanol, caldo de cana, whisky, elixir paregórico.
E preciso de uma bússola, um mapa impermeável, um tênis que dure pra sempre, um binóculo que funcione decentemente e não pese cinco quilos. Preciso de uma pá.

E eu sei onde me esconder se alguém chegar na minha casa hoje. Tem um lugar para enchente, um para ameaças humanas, um para proteção temporária...E na casa que eu estou construindo tem um mini bunker. Claro que não foi construído para isso, mas dá para passar uns dias.
Eu sei...isso é loucura. Será?
Há séculos alguém inventou a chave, a arma, a polícia, e a gente sabe que deve trancar a casa antes de dormir. Todo mundo tem portão e guarda noturno. Mas a questão é que onde eu moro as casas não têm muros nem portões. A maioria tem zero segurança, confiando na portaria cheia de meganhas armados, câmeras de segurança, rádios e carros de ronda. Mas e se um dia dá uma caca generalizada? Ninguém está mais ao deus dará do que nós, pessoas dentro dos condomínios, sem trancas e sem grades nas janelas.
O que eu sei é que esses pensamentos me incomodam e, mesmo ponderando, a única frase que me passa pela cabeça quando avalio tudo e me acho louca, é: Noé construiu a arca ANTES da chuva.
Pois é. Não custa...
Sei lá.

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Sábado, Março 07, 2009

damn vampires


Eu disse para uma amiga ler Twilight se ela quisesse uma coisinha digestiva e deliciosa ...livro de menina, super light. Sim sim...eu recomendei rindo baixinho, sabendo que ela ficaria viciada. E ficou, assim como as outras 40 milhões de pessoas que pagaram por um exemplar de Crepúsculo em 20 línguas diferentes. Sem conseguir resistir, essas pessoas acabaram comprando mais 40 milhões de cada volume da série: Lua Nova, Eclipse e Amanhecer.

Bom, depois de ler a história da Stephenie Meyer, eu pirei. Se não bastasse ter vendido tudo isso de livro e ter ficado indecentemente rica às custas do sangue alheio (piadinha sem graça), ela conta que sonhou com um vampiro que se apaixonava por uma menina e não podia ficar com ela porque a vontade de matá-la era mais forte do que qualquer outra coisa. Quando acordou, Stephenie escreveu o sonho para não esquecer. Wow! O sonho virou o primeiro livro - Crepúsculo - e sem ter escrito nada antes na vida, fechou um contrato de 750 mil dolares para escrever mais três livros. Essas e outras coisas me deixaram morrendo de inveja e querendo perguntar pra ela onde eu assino pra fazer o mesmo pacto com seja lá que demônio ela fez!

Tudo isso é quase sobrenatural, mas não mais do que o fascínio das mulheres pelo vampiro que ela criou. No começo, ele - Edward Cullen - roubou o coração de uma multidão de adolescentes. Em seguida ele invadiu os aposentos das mães dessas meninas e depois disso perdeu o controle. Minha tia de 70 anos está irremediavelmente apaixonada por ele. Minhas amigas de 40 a 55 também. Eu mesma te digo que se esse moço existisse e quisesse o meu sangue, eu o serviria em taças de cristal...e se ele quisesse me matar, no problem, desde que fizesse isso bem devagar (aff!). O fato é que Edward Cullen saiu pelo mundo roubando o coração de cada pessoa que ousou abrir as páginas de "Crepúsculo", fosse homem, mulher, adolescente ou não.
Como faz pra entender? Aí eu que tenho tempo, fiquei especulando a possibilidade de uma criatura supostamente perigosa e mortal exercer tamanha atração. Bom, não é de hoje que histórias de vampiros atraem as mulheres, e nas minhas elocubrações eu cheguei a uma conclusão terrível. Acompanha o meu raciocínio:

. Vampiros são irresistíveis. Feitos para matar, tudo neles atrai a presa para perto de si. Diz Edward Cullen: "Eu sou o predador mais perigoso que jamais existiu. Tudo em mim é convidativo: minha voz, meu rosto, até o meu cheiro, como se fosse preciso...como se você pudesse fugir de mim ou lutar comigo, eu fui criado para matar." Então, por mais que você queria dizer não a ele, ele vai vencer você. Ele é perigoso e forte enquanto você é frágil. Existe desculpa melhor para dizer sim? Quem pode condenar uma mulher indefesa? Você nunca será julgada.

. Ele “ataca” durante a noite pois não suporta a luz do dia. Chega quando você dorme, desprevinida e desarmada, logo – de novo – você não fez nada de errado.

. Quando alguém deseja você, deseja o seu toque, o seu gosto, o seu corpo. Isto é o que estamos acostumadas. E parece suficiente. Mas...quando um vampiro deseja você, é muito maior e mais profundo. Ele quer o seu cheiro, o seu gosto, a sua carne…e não basta que ele lhe domine e possua completamente, ele ainda quer você invadindo o corpo e a corrente sanguínea dele. Ele quer o seu sangue correndo dento dele. Ou seja, ele quer você inteira… Em troca, ele lhe dá o que ninguém mais poderia: imortalidade e juventude eterna.
Ah…vai! Me diz que isso não é lindo! Quem pode amar e desejar tanto assim? Quem pode dar um presente tão generoso?

Minha conclusão é simples: o perigo real são as mulheres.

Mulheres são assustadoras. A verdade sobre a existência do vampiro está diretamente relacionada à sede de poder feminino: nós não queremos ser simplismente amadas. Queremos um amor tão imenso que seja imortal. Queremos um homem aos nossos pés, implorando para ser alimentado, para que sua sede seja saciada com o único nectar que pode mantê-lo vivo - a nossa existência. E queremos tudo isso sendo inocentadas de nossos crimes.
O vampiro, então, passa de agressor a vítima. Ele não tem dentes afiados nem tanto poder...ele não passa de um homem. O homem que escolhemos.
E aquela pobre mulher frágil, indefesa que não deveria ser julgada? Bom, ela ainda não nasceu.

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Segunda-feira, Fevereiro 16, 2009

Alô?

"Eu gostaria de falar com o Sr. Mercedes."
"Pode falar...é ela."
"Ah...nossa...é que aqui dizia Mercedes, então eu achei que fosse SENHOR."
"Como assim?"
"É...pensei que fosse um senhor, Mercedes."
"Mas Mercedes é nome de mulher."
"É? Não sabia...achei tão diferente..."
"E me ligou para...?"
"É que a revista Isto É está com uma campanha de incentivo à leitura...a assinatura vai sair por só 6 vezes de 35 reais."
"Puxa que bom...mas aqui em casa ninguém lê."
"Não?"
"Não...obrigada."


"Alô...?"
"A Senhora Menezes se encontra?"
"Não tem ninguém com esse nome."
"Não?? E o Tiago?"
"Também não tem Tiago."
"Ai...é da telefônica, eu sou o técnico, precisava terminar um reparo..."
"Não seria Mercedes? Diogo?"
"Ah...isso!"


"Por favor o Senhor Diogo?"
"Ele não se encontra...são 3 horas da tarde...ele trabalha."
"A que horas eu posso encontrá-lo?"
"A que horas você chega na SUA casa?"
"Não importa, Senhora...a que horas ele se encontra?"
"Depois das 9."
"Só trabalhamos até as 18, senhora."
"O que você quer que eu faça?"
"Tem um telefone onde eu possa encontrá-lo?
"Alguém liga pra você no trabalho?"
tuuu. tuuuu. tuuuu. tuuuu...


"Alô? Senhor Luiz?"
"Não."
"O Senhor Luiz se encontra?"
"Ah!...não."
"A que horas ele chega?"
"Não sei...ele não mora aqui."
"Mas ele chega em algum momento?"
"Ele não mora aqui."
"Sim, mas ele vai aí as vezes?"
"Só se vem escondido, porque eu não conheço nenhum Luiz."
Tuuuu. Tuuuu. Tuuuuu.

"Senhora Mercedes, então, daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática vai ligar para a senhora...a senhora explica que falou comigo - o Jean - e que quer cancelar as assinaturas...ela é uma mocinha muito simpática...a senhora explica para ela. Assim ela cancela as assinaturas e bloqueia os seus cartões para nunca mais acontecer de a senhora receber revistas indesejadas, está bem? Então...daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática vai ligar...a senhora atende, entendeu? Daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática..."
"ENTENDI, JEAN! CHEGA!"

No dia seguinte...

"Alô?"
"Senhora Mercedes? O Jean da editora me pediu para ligar para a senhora para confirmar as assinaturas das revistas Isto É Gente, Menu, Planeta, blablablablabla"
Tuuuu. Tuuuu. Tuuuu.

Me diz pra que é que eu ainda atendo telefone!

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Segunda-feira, Setembro 08, 2008

A tempestade que chega é da cor dos seus olhos...

- Oi.
- Nossa...saudade enorme!
- Nem me fala...achei que não fosse mais te achar.
- Eu também, mas isso não acontece assim.
- Não?
- Só se quiser. Quer?
- Nunca!
- Nunca...
- To aflita.
- Aflita como?
- Não sei, frio na barriga, parece que tem alguma coisa importante que eu não sei o que é.
- Sou eu.
- Hahahah!
- Frio na barriga tipo paixão?
- Não...paixão a gente sabe.

- Você se apaixonaria por mim?
- Um milhão de vezes, vezes mil.
- Mentira.
- Juro. Se desse pra escolher...
- Tipo prateleira de apaixonáveis no supermercado?
- Ahaha! Acho que na farmácia. Paixão ta mais pra remédio.
- Remédio amargo... a gente some anos da vida do outro. Ia doer mais do que curar.
- Eu sei, mas toda volta seria linda.
- Tá lindo agora.
- É.

- Faz um favor?
- Faço. O que?
- Se apaixona por mim? Agora?
- Não precisa.
- Precisa sim.
- Não...de um jeito eu sempre fui meio apaixonada por você.
- Foi nada, nunca me ligou e a única vez que disse que ia me encontrar, me deu um mega bolo.
- Ai, verdade...então acho que você nunca reparou.
- No que?
- Na paixão.
- Na sua? Claro que não, nunca existiu.
- Cego.

- Me diz quando.
- Quando o que?
- Quando você mostrou alguma faísca minúscula dessa paixão mocada?
- Eu não mostrei muito...eu só quase morria, só de olhar você.
- Quando?
- Quando não: quanto! Muito! O tempo todo eu te olhava pensando: "Ai ai...not fair..."
- Mentira, eu que olhava.
- Olhava nada.
- Aquele cabelão...
- Que que tem o cabelão?
- Nossa...um dia eu te mostro.
- Mostra?
- Mostro.
- Promete?
- ...
- Ok sorry.
- Não! eu só fiquei pensando...ia ser genial se você soubesse tudo o que eu pensei...e se me pegasse mesmo da prateleira da farmácia.
- Hmm...
- Sempre quis.
- Ai, não mente!!
- To falando, sempre quis.
- ...
- Me passei?
- Não.
- O que que é o silêncio então?
- Sei lá...passou tanto tempo...
- Passou. Passado...eu to aqui agora.

...


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Sábado, Agosto 09, 2008

Muitas Mulheres - by Ella Spotlessmind

Eu me pergunto sem parar que tipo de pessoa eu sou e todas as vezes que faço isso, encontro alguém diferente.
Uma vez, de brincadeira, eu disse que sou muitas e sou única e sempre haverá mais de mim. Foi a verdade mais profunda que jamais saiu de mim. Eu posso contar um milhão de histórias de mulheres completamente diferentes, que o mundo juraria que nem se conhecem, e a surpresa final seria saber que todas elas sou eu.
Eu sou essa pessoa que imagina histórias e as vive e vice-versa. Algumas são puro besteirol e eu me mato de rir lembrando delas, outras são tristes de arrancar lágrimas de um iceberg, outras tão românticas, emocionantes e empolgantes a ponto das pessoas dizerem “ah…como eu queria viver algo assim.” E eu vivi.
Vivi mais “Coisas da Vida” do que a Me pode escrever. Vi a lua em vários lugares do mundo e fiz dela testemunha das minhas loucuras -- e só ela viu o que eu vi, só ela ouviu o que eu nunca vou esquecer.


Vivi paixões e histórias tórridas que colocariam "9 Semanas e Meia de Amor" no livro da Mamãe Gansa. Acordei ao lado de amores antigos que eu não veria nunca mais, adormeci no peito de quem estaria ali para sempre.
Amei incrivelmente, homens com caráteres, personalidades e histórias diferentes. Amei escondido, amei errado, fui a outra, fui a única, fui mais uma. Desejei pessoas que nem sonham com meus desejos, outras que sabem de cor meus pensamentos mas jamais me tocaram – e não tocarão. Chorei no carro, no meio fio, na escada do prédio, no elevador, na cama, na estrada, no ombro do desconhecido, de amor, de tristeza, de alegria, de emoção, de decepção profunda. Fui santa, fui perversa, fui pervertida. Fui rainha e fui ninguém.

A cada história que conto, lembro-me de outra que não contei. Fiz coisas não-contáveis, incontáveis vezes e de novo. Fui à igreja, ao centro espírita, ao terreiro de umbanda. Rezei para deus, Cristo, Santa Rita, Iansã e Maria Padilha. Sentei na mesa dos nobres, bebi com a burguesia, andei com os pobres. Vivi todas essas mulheres toda a minha vida e elas foram felizes. Elas brincaram com fogo mais vezes do que eu sozinha poderia. Traíram e foram traídas, amaram e foram amadas. Disseram verdades que ninguém acreditou, contaram mentiras que jamais foram descobertas, omitiram fatos, revelaram tudo. E foram loucas!

Umas amaram meninos, outras conquistaram prêmios, umas criaram deuses, outras beijaram demônios. Em algumas me reconheço, em outras mal me vejo…mas todas tinham um traço em comum: a minha alma – essa alma imensa, capaz de abraçar o mundo inteiro sem distinguir certo e errado. Essa alma feita dos milésimos de segundo do pensamento do universo, que insiste em se deitar, se espalhando pelo mundo como um véu transparente, que acha que pode dividir-se em milhares e doar-se, e mesmo assim, estará inteira.
Toda vez que alguém se espanta com algo que vivi, eu me pergunto que tipo de pessoa sou . Eu sou isso: Única e muitas…um véu transparente encharcado de vida, feito dos pedaços diversos de mim.


Colaboração: Ella Spotlessmind

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Quarta-feira, Agosto 06, 2008

Corta pra lareira

Escrevendo o meu livro aquele que parece que eu nunca vou realmente escrever, eu descobri que tenho um bloqueio gravíssimo: eu não sei falar de sexo. Não...calma...eu sei FALAR de sexo, mas não sei escrever cenas de sexo.
Sabe aqueles filmes dos anos 50 que mostravam o casal, o beijo, e cortava para lareira, para o copo, para o cigarro queimando no cinzeiro? Então...é isso que eu faço. Eu levo o casal até a cama...e corto para a lareira! Hello?! Todo mundo sabe o que eles vão fazer depois que ele tirou a roupa dela!

Certo...seria perfeito se isso não estivesse me incomodando brutalmente.
Aí ontem à noite resolvi escrever um conto erótico. Ha! eu sou péssima! Nossa Senhora da Psicoterapia me salve! Fala pinto, penis ou bimbim? Eu suei frio para escrever. Ai gente...comofas? Por que eu vejo a cena e não descrevo assim...direito? No comprendo.

Desisti. Quase. Vou fazer mais uns "exercícios", e se não rolar eu vou cortar pra lareira!


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Segunda-feira, Agosto 04, 2008

Post my Secrets?


Como todos os domingos, acordei, peguei uma mega-caneca de café e vim para o computador entrar no Post Secret - tarefa número 1 de domingo para xeretas em geral que gostam de saber o que passa pela cabeça alheia.
Sou uma fã ardorosa do Frank Warren, - o maluco diabólico que criou o PostSecret.com - e mudou a maneira das pessoas desabafarem sobre coisas que não podem contar para ninguém (a mãe dele diz que o que ele faz é diabólico). Tenho os três livros que ele lançou com os segredos alheios, entro no site todo domingo, e agora que a coisa não para de crescer, confiro o site alemão, o francês, o em espanhol, o Facebook e o blog no Myspace. Toda vez que faço isso, fico pensando se eu teria paciência de fazer um cartão postal manualmente, endereçar ao PostSecret e ir até o correio enviar. Depois disso penso o que eu diria ao Frank Warren e ao mundo se tivesse paciência para tanto. Pensei um segredo..."hmm, esse eu já contei pra um monte de gente!", pensei outro..."Hm...já contei esse também!"
Gente, entrei em crise! Será que eu sou uma pessoa sem segredos? Um livro aberto? Uma porta de banheiro público? Um outdoor ambulante? Deixa eu ver...olhando aqui pra minha lista do MSN, vejo que fulano não sabe o que eu contei pro ciclano, aquela outra nem sonha o que a lá de baixo sabe...mas cada um desses nomezinhos sabe algum segredo meu.
- "Hey! Será que você manda pro postsecret pra mim? É porque eu não lembro mais qual segredo te contei."
Que complicado...Fiz as contas, voltei uns anos, aí...lembrei que eu escrevo. Eu escrevo em meu nome, no nome dela, dele, da outra, em inglês, eu fotografo, eu sonho, eu misturo tudo, eu rio de mim mesma, eu digo tudo o que sinto, eu conto histórias, histórias, histórias...como eu poderia guardar um segredo?
Como eu poderia guardar um segredo se eu tenho todas as ferramentas para exorcisar os meus demônios todo o tempo, e ainda rir da cara deles? Que tipo de pessoa eu teria que ser para cozinhar histórias dentro de mim por tempo suficiente para que se tornassem segredos pesados, que só um terapeuta ou o PostSecret fossem capazes de me fazer cuspir? Eu lá tenho caráter pra isso? É...porque é preciso ser perseverante para guardar amarguras, rancores, tristezas, traumas...eu não sou capaz de colecionar nada, muito menos amarguras. É preciso ser muito mais "gente" do que eu para isso. Eu daria uma péssima suicida inclusive, praticamente um vexame! E para postar segredos eu teria que inventar dramas...ai que chato.
Frustrei. Não tenho nada pra mandar, e se mandasse, com certeza receberia algumas mensagens dizendo: "Nossa...vi um segredo seu no PostSecret."
Que lástima!



Se você é mais gente do que eu, este é o endereço:

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Quarta-feira, Julho 30, 2008

Coisas da Vida #7

Lembrança

Eu encontrei a carta que ela escreveu e fiquei triste de dor ao me colocar em seu lugar e entender o vazio enorme que vem da presença dele, tão forte e, ainda assim, inexistente.

"Foi lindo imaginar o dia que você entrou no meu carro e fomos para aquele lago, onde pela primeira vez consegui olhar nos seus olhos e manter os meus ali até me enxergar dentro deles. Ainda posso sentir o resto do vinho no gosto da sua boca. Foi lindo dormir com você ao meu lado, sentir suas mãos, saber de manhã que o seu beijo me acordaria e depois de novo, e de novo, para me mostrar que estou viva. Ainda sinto o frio do lago subindo pelas minhas pernas e o toque do cobertor aquecendo os ombros, enquanto olhávamos as estrelas se despedirem da noite. Ainda tenho seus cabelos entre os dedos, o seu cheiro na minha pele, o calor do seu peito no meu rosto.
E depois, depois de anos, ao ver você de novo, seu perfume, seus olhos, seu jeito incrível, seus gestos, tudo...cada movimento seu me fez sorrir por dentro: as pernas dobradas, o pé no banco do carro, a blusa tirada pela cabeça despenteando o cabelo, o sorriso, os braços, a pele, as mãos...Ah! as suas mãos...e os olhos negros que eu amo...
os olhos negros que eu amo...
os olhos negros que eu amo e não sei encarar.
Mas foi lindo imaginar que eu entraria no seu carro e olharia dentro deles outra vez até me enxergar ali, e você me beijaria. O seu perfume colando outra vez nas minhas mãos...o seu sorriso falando baixo, quase dentro da minha boca, e o seu gosto em mim mais uma vez. A conversa deliciosa, a sua voz, o seu sotaque forte, o lençol bem passado com cheiro de ferro quente, sua pele quente, sua saliva quente, seu suor quente, seu calor...e eu. Nossas pernas se confundindo de novo, o ar da sua boca em meus ouvidos, sua boca no meu corpo, o seu corpo em mim... E agora, depois de tantos anos, eu não sei mais o que é verdade e o que sonhei. Eu tenho seu cheiro aqui, eu sei, eu sinto! Eu sinto o seu gosto, sim! Eu vejo seus olhos que eu amo e eles são negros, como é negro o vazio da incerteza. Eu não quero saber. Não quero que me contem. Me dá sua mão...me deixa ouvir a sua voz...posso deitar no seu peito?...canta de novo pra mim?...me diz que é tudo verdade. Não quero saber que cada segundo das minhas lembranças é só um fragmento do meu delírio.
Traz os seus olhos pra mim..."



Bom dia.

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Quinta-feira, Julho 10, 2008

Still crazy after all these years


Hoje fui ao médico. Na verdade médica. Fui me pesar e descobrir quanto tempo falta para eu me olhar no espelho e ficar feliz. "Quanto tempo é 4 kilos?" Conversando com ela, eu acabei dizendo para mim mesma o que está acontecendo comigo: eu estou feliz demais para escrever. É isso! Eureka! Preciso de algo que me deprima, urgente! "Dá um remedinho?" Como eu posso escrever coisas emocionantes se eu dirijo até o consultório dela cantando alto e sorrido feito uma doida? Se eu dou risada o dia inteiro? Se meus ataques de brabeza não duram mais do que cinco minutos e, não conta pra ninguém, eu não fucking tenho do que reclamar!

Por falar em dirigir, a trilha sonora no meu carro hoje esteve meio vergonhosa por alguns minutos, mas eu não pude evitar. Juro que não pude!

"Hello...is it me you're looking for?
I can see it in your eyes...
I can see it in your smile..."

Meu pai! Eu só tenho perdão porque não era o Lionel Richie cantando. E lá vai Mercedes na Marginal Pinheiros, vidro aberto, cigarro na mão, óculos escuros, berrando: I can see it in your eeeeeyes...

E as pessoas querem que eu escreva? Você tem noção do quanto eu dei risada da minha própria trilha sonora? Como eu vou chegar em casa depois disso e escrever um texto sério? Inventar uma história de amor? Contar uma lembrança singela de infância? Impossível! A verdade verdeira é que há duas semanas eu tive uma decepção gigante que me tirou o chão de um jeito, que depois dela eu fiquei leve. Juro. Estou leve e feliz como...como...hmmm...sabe namorado novo? Assim. Como se eu tivesse namorado novo. Não tenho, viu? Tenho aquele de sempre, que acorda aqui em casa todo dia, mas adoooouro!

A outra coisa que eu lembrei quando estava conversando com a minha little médica (sim, ela é meio miniatura), é que na primeira conversa com a terapeuta nova da Natasha, eu acabei falando que eu escrevo. Ai meu deus, eu e a minha boca grande! Já menti tanto nessa vida de meu deus, fui falar a verdade logo pra terapeuta...Pois ela perguntou do meu blog e você não sabe o que eu fiz. EU DEI O ENDEREÇO DO BLOG PRA CRIATURA. NÃAAAAAAO! PRA TERAPEUTA NÃAAAAO! Depois eu só faltei bater a cabeça na quina da mesa até sangrar! Você pode imaginar a terapeuta com aquele jeitinho meigo e professoral de falar, lendo esse blog? Isso não vai prestar... Eu tenho certeza que ela vai ler post por post balançando a cabecinha e fazendo "tsc, tsc, tsc" com olhar de "hãn...está explicado". Quando ela me chamar para entregar o diploma negro da mãe deformadora de filhas, eu vou mandar dizer que fui pro Tibet passar sete anos com o Brad Pitt. Pra Londres cuidar dos cachorrinhos da rainha! Pra Colômbia, me juntar às FARC e comer minhoca na selva por 10 anos! Ai jesus me leva!

Então, senhoras e senhores, é isso por hoje. Eu realmente sinto muito se não tenho nada de muito útil para dizer, mas a culpa é do Lionel Richie.

Um beijo amigo no seu umbigo.

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Terça-feira, Julho 08, 2008

Meus Não Gostares

. Não gosto de legume refogado. Tem cheiro de hospital e casa de velho.

. Não gosto de gente que fala olhando para baixo. Geralmente são pessoas enrustidas que se fazem de humildes, mas humildade não é submissão. Espero sempre a punhalada, e ela vem!

. Não gosto de quem anda como gato, sem fazer barulho, se esgueirando pelas portas, que pede licença pra existir. Gosto de gente espaçosa que pisa firme e fala grosso.

. Não gosto de dirigir com som muito alto: entro em transe e saio do chão. É perigoso demais. (eu nasci chapada, lembra?)

. Não gosto de olhar para baixo quando estou em lugar alto. Meu medo de altura supera toda a razão do universo.

. Não gosto de pagar contas. Acho injusto pagar para comer. Já disse isso antes: devia ser proibido pagar por qualquer coisa que dure menos de 7 dias ou vire cocô de alguma forma.

. Não gosto de sentar no banco do passageiro, ou atrás. Quero o volante na minha mão, e isso cabe a todas as áreas da minha vida.

. Não gosto de montanha russa, carrocel, pêndulo, trapézio, chapéu mexicano e das coisas que divertem a maioria das pessoas. Mas qualquer prazer me diverte. (Eu disse "prazer". Frio na barriga e tensão não me dão prazer nenhum, muito pelo contrário).

. Não gosto de pimentão cozido, banana crua, doce de laranja, limão depois de meia hora, torta de requeijão, carne bem passada, azeite que não seja de oliva, bebida muito seca, perfume muito doce, melado com farinha, goiabada com queijo, pão doce, coisas à califórnia a não ser eu...na Califórnia.

. Não gosto de música repetitiva. Mesmo os maiores gênios da música são capazes de me irritar profundamente com um instrumento repetindo a mesma nota, que você nem sabia que estava lá. Isso serve também para refrões, solos infinitos, jazz ou rock progressivos, finais de música que repetem a mesma letra: "Tá bom! Já ouvi! Cala a boca, praga!"

. Não gosto de amigo folgado que acha que o que é meu é dele: meu celular, meu cigarro, minha máquina fotográfica, minha grana.

. Não gosto de esperar resposta no msn.

. Não gosto de gente que fala fala fala e na minha vez tem que sair.

. Não gosto de pagode, sertanejo, sambinha mal cantado, nem daquela voz de carpideira das mulheres da velha guarda da mangueira. Também não gosto desse novo-emo-rock-brasileiro-mal-cantado-pra-carái-com-letra-ruim-demais.

. Não gosto de filme de terror. Cinema não é pra passar mal.

. Não gosto de perder o controle, não saber o que falo ou faço, não estar firme para caminhar ou raciocinar. Por isso nunca me dei bem com as drogas e detesto tomar calmante. Pra mim é um "prazer-terror", igual às montanhas russas e etc. Não entendo essa sensação de "liberdade" incompreensível. Sou super livre com meus pés no chão. Rio, me divirto, crio e saio da realidade sem precisar de agentes externos. Bem...já mensionei que nasci chapada?

. Não gosto de ingratidão.

. Não gosto de um monte de outras coisas pequenas que na verdade não fazem muita diferença na minha vida. Sou tolerante o bastante pra aguentar até cheiro de abobrinha refogada. Mas só de vez em quando!

. Ah...não gosto de falta de assunto. ;)

Bom dia.

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Sábado, Junho 28, 2008

Em algum lugar da galáxia...

Por SMS, mãe e filho conversam:

Me: Vem almoçar!
Diogo: Vou.
Me: To indo pro banho.
Diogo: Ok...logo mais
Me: O q?
Diogo: Eu
Me: Ta vindo?
Diogo: Ta
Me: Que língua é essa????
Diogo: Simpolês
Me: Shhhhh...Os terráqueos podem ouvir...



(família normal é tudo de bom...)

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Segunda-feira, Agosto 20, 2007

Coisas da Vida #3

A Noite das Conversas Infinitas

Nossa...há quanto tempo ela não ia àquelas festas?
Eram eventos profissionais tão chatos, mas ela conseguia fezer deles sempre um prazer. Ela sempre navegou entre a vida pessoal e a profissional com tranquilidade, misturando as duas, por isso, qualquer festa chata era uma desculpa para reencontrar amigos e dar risada.

Naquela noite, ela estava um pouco triste. A pessoa que ela queria encontrar já havia avisado que estaria acompanhado, o que a irritou profundamente. Por isso, quase deixou de ir à festa, quase cobriu a cabeça com um cobertor e deixou que Morfeu a guiasse até algum lugar melhor. Que nada! Não era assim tão fácil derrubar essa mulher. Ao contrário, tomou um banho de pétalas de rosas, se perfumou e foi encontrar os amigos e ostentar maldosamente sua beleza em frente ao “bofe acompanhado”. Muito bem.

Atrasada como sempre, fez com que muitos olhos do salão se voltassem em sua direção quando o primeiro amigo a viu. Lógico, era sempre um escândalo! Ela é sempre festejada. Assim, atravessou os 30 metros de salão – da porta ao fundo – sendo abraçada e parando a cada passo para falar com alguém. Até o fundo. Até ele.

Ele. Vamos falar dele: Ele era só uma presença constante em salas de reunião. Nunca houve uma conversa mais pessoal, um assunto mais íntimo, nada. Logicamente ela estava muito longe de estar morta ou cega, então já havia notado o quanto ele era interessante. Mas de qualquer forma, era distante a hipótese, e até mesmo a vontade de chegar mais perto.
Estranho…As vezes parece que alguém sempre esteve lá, mas você meio se negava a ver. Um dia, como se o universo decidisse que basta desta sua cegueira estúpida, sinais divinos de neon escandalosos piscantes apontam para a pessoa dizendo: “olha pra cá, sua monga!”
Que saída? Ela teve que olhar.

Parou e deu um "oi" de quem não vê alguém há muito tempo (claro…nunca olhou direito mesmo) e ali ficou. Foram muitas horas. Incontáveis horas de conversas infindáveis, temperadas por alguns olhares vindos do grande público, que os dois não repararam.
Como o som da festa estava alto, os dois falavam perto do ouvido um do outro. Muito perto. Cada frase parecia mais com um beijo no pesoço do que com uma conversa comum. Mas não era uma conversa com alguma intenção assim... Era uma coisa mais sem querer, que aproximava. Que misturava os perfumes, que permitia que o hálito de um se misturasse à bebida do outro.
Poderia ser algo a mais. Poderia, se ele não fosse tão sério e ela tão preocupada, ou se ela não fosse tão séria e ele tão desligado. Poderia ter continuidade se fosse mais cedo, se fosse em outro lugar, se fossem duas outras pessoas. Para eles não foi nada. Nada além da descoberta de uma pessoa boa para conversar. Mas para os outros, foi muito.
Durante muito tempo ela ouviu falar daquela festa. O “bofe acompanhado” nunca conseguiu engolir o fato dela passar tanto tempo ao lado dele, respirando seu hálito, encostada em seu rosto e - segundo o próprio bofe – fazendo a platéia esperar pelo beijo. As mocinhas de plantão passaram a odiá-la escancaradamente. E foram muitos os telefonemas de amigos perguntando o que tinha acontecido ali e se “deu frutos”.
Deu...deu frutos. Já faz anos que eles são amigos. Este tipo de frutos. Há anos ela deixa escapar nas conversas algumas confidências, e ainda sente que ele invade seu “campo de força” às vezes, derrubando barreiras inimagináveis. Há anos ela finge que não sabe que ele vai invadir de novo o "campo de força" e que não percebe que só ela faz confidências e ele mantem a armadura. E, querendo ou não, toda vez que alguém pergunta quem ela acha interessante, o nome dele é um dos primeiros a querer escapar de sua boca.
Sem o perfume, a bebida e o hálito, os dois se provocam às vezes. De longe... à distância segura. Nunca mais chegaram tão perto. Nunca mais ouviram a voz um do outro próxima a boca ou ouvido. Mas ainda assim, de tempos em tempos, ele invade seu território com perguntas ainda menos discretas do que aquela conversa de rosto colado.
E assim foi... sem mais. Sem nada. Nada demais. Muitos anos passaram. Muito mais anos do que a gente costuma contar. E em todos eles ele esteve presente de uma forma ou de outra.

Não foi uma paixão, não foi uma história emocionante. Não foi algo memorável. Só uma "regular story" que ela conta tranquila.

Mas, mesmo sendo assim tão nada, ela nega, mas lembra perfeitamente do perfume misturado à sua bebida.

* o nariz dele não era tão grande.

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